Netos de Lorenzo e Gesualdi em confraternização
O IV Encontro das Famílias Lorenzo e Gesualdi aconteceu no último domingo, dia 1º de novembro, no salão de festas do Water Club. O encontro, que reuniu 83 familiares, tem como objetivo valorizar a família e as raízes da sua história.
“Numa tarde deliciosamente regada à alegria, saudade, comida boa e música os descendentes de Vicente de Lorenzo e Maria Gesualdi fizeram o céu estar em festa, pois a prioridade da vida é estarmos em paz com nosso espírito e junto sempre com nossa família”, conta Ana Paula Di Lorenzo, organizadora do encontro.
No século XIX, Lambari recebeu a migração de mais de 40 famílias italianas, história bem retratada no livro intitulado “Lambari” do autor Luiz Carlos R. Santos. As famílias vinham na sua maioria quase absoluta da Comune de Latronico, Província de Potenza, na Região da Basilicata, Sul da Itália. Nessa época os imigrantes vinham em busca de melhores condições de vida e trabalho. A Estrada de Ferro em construção proporcionava uma grande oferta de trabalho para mão de obra vinda de fora e muitos italianos trabalharam na sua construção.
Dentre os imigrantes mais antigos que chegaram a Lambari estão Miguel de Lorenzo, Egídio e Rosário Mileo.
O Encontro das Famílias Lorenzo e Gesualdi é celebrado pelos descendentes de Vincenzo Mileo de Lorenzo, nascido em Latronico, em 1873, e de Maria Elizabetta Gesualdi, sua esposa, também nascida em Latronico, no ano de 1887. O casamento ocorreu no Brasil em novembro de 1904 e desse matrimônio filhos, netos, bisnetos e tataranetos celebram hoje em dia suas raízes.
“Em 1995, o caçula do casal, Carlinhos, resolveu reunir a família em um encontro na cidade de São Lourenço que teve uma grande participação num almoço com a presença da Banda Antônio De Lorenzo. Ali se iniciou uma necessidade de sempre vermos uns aos outros de tempos em tempos”, explica Ana Paula.
Com a morte de Carlos Alberto, a missão de reunir a família ficou com Ana Paula, filha de seu irmão José. Desde então ela tenta de dois em dois anos reunir a família para que nunca seja esquecida a raiz da família.
Filhos: Miguel de Lorenzo e Maria Matilde (filho: Henrique Carlos de Lorenzo); Felícia e José Muniz (filhos: Maria de Lourdes, Mario, Maury, Mauro, Marcelo, Márcio, Maurilio, Maria Bernadete, José Carlos e Sheila); Egídio e Maria das Dores (filhos: Maria Antônia, Vicente, Antônio, Madalena, Paulo , Hélio, Magda, Maria Inês e Maria das Graças); Vicência e Joaquim Gardona (filho: Edilberto); José e Vicentina (filhos: Ângela Maria, Wagner, Roberto, Josélia e Ana Paula); Jurema e Geraldo (filhos: Aparecida, Zélia Maria, José Antônio, Maria Marta, José Augusto, Maria de Fátima e Maria Clara); Antônio e Margarida (filhos: Luiz Sérgio, Paulo Cesar, Mario Lucio e Artur Emilio); Maria José e Manoel (filhos: Maria Teresa, José Carlos, Vera Lúcia, Maria Isabel e Maria Aparecida); Carlos Alberto e Dirce (filhos: Maria Teresa, Renato, Monica, Elizabeth e Carla).
Vincenzo Mileo de Lorenzo (Vicente De Lorenzo)
A escritora sãolourenciana Teresinha Maria Silveira Villela conta em seu livro “Nossa Gente, Nosso Orgulho” sobre a história de Vicente de Lorenzo, um exímio mestre de obras que em 1932 vem residir em São Lourenço com a sua esposa e filhos.
“Vicente de Lorenzo, italiano natural de Latrônica de Potenza, Basilicata, chegou ao Brasil com dezessete anos e nunca mais voltou ao Velho Mundo.
Dedicou-se desde seus primeiros anos no Brasil ao ramo de construções.
Inteligente, consciente do seu trabalho, honesto e altamente gabaritado, Vicente de Lorenzo, casado com D. Maria Gesualdi, a 5 de novembro de 1904, foi contratado por seus méritos pela Secretaria de Estado de Obras Públicas para assumir as construções civis nas cidades de: Baependi, Lambari e Três Corações.
Em São Lourenço, sua história está ligada a da Estação Ferroviária. Foi seu construtor ao lado dos filhos e contratado pelo Governo Estadual.
Ao terminar as obras da Estação Ferroviária, Vicente de Lorenzo tinha mostrado seu valor, fizera boas amizades e se afeiçoara à cidade. Mas, ainda havia um compromisso em Três Corações, que resgatado, liberou-o para em 1932 fixar residência definitiva em São Lourenço. (...) Foi o construtor do Grupo Escolar Dr. Melo Viana, hoje Escola Municipal.
Suas obras marcaram época, como os hotéis: Metrópole, Sul América, Aliança, Jina, Guanabara, Escola Estadual Professor Mário Junqueira Ferraz, reforma do Hotel Brasil, Edifício Elisa Pradella de Araújo e Casa Diamante, entre muitas outras.
Vicente de Lorenzo era um homem simples, católico praticante, participava de todos os movimentos da Igreja e tinha em Frei Luciano e Frei Benigno grandes amigos.
(...)
Era um grande pai. Conversava com os filhos com amor e liberdade.
Gostava de um joguinho de “tranca” em casa, tendo os filhos como parceiros. Apreciava uma boa música.
Tocou bombardino na Banda de Música de Lambari, fundada pelo grande Maestro Nisticó. Ouvia música clássica, óperas, e se emocionava com a música italiana.
Pouco falava da Itália e quando o fazia era com lágrimas nos olhos, motivo pelo qual os filhos pouco lhe perguntavam sobre seus primeiros anos de vida e da pequena Latrônica.
A 31 de julho de 1962, regressou à Casa do Pai, logo após completar oitenta e nove anos, pois nascera a 24 de julho de 1873.
Para que não fosse esquecido, o Prefeito Dr. Emílio Ábdon Póvoa homenageou-o dando seu nome a uma via pública de acordo com o Decreto nº 167 de 14 de outubro de 1971.
Vicente de Lorenzo ajudou a construir nossa cidade, mas edificou também, com sua bondade e seu carinho um monumento no coração de cada munícipe.
A este monumento a cidade deu o nome de SAUDADE!”.
Familiares de Jurema De Lorenzo e Geraldo Pereira