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Aiuruoca - Notícias
08/06/2017 15h06

Homenagem Póstuma a Odair João Kobel

O Maestro de Aiuruoca partiu, mas deixou centenas de discípulos

Odair João Kobel tocando saxofone

Por: Maria Rosa Maciel Almeida

Naquele começo de ano, entrava a 2ª guerra mundial, com seu cortejo de horrores, luto e dor. Nesse clima tempestuoso foi que ele chegou, mas como arauto da paz, da alegria e da esperança: Odair nasceu em Aiuruoca no dia 18 de Fevereiro de 1939. Na família de músicos, seu primeiro sono foi embalado pelas melodias mais puras de boas vindas, por seu avô, o patriarca David Giffoni. Ali no berço estava o seu herdeiro e seguidor, a quem entregaria o cetro do seu reinado. A batuta de regente. Ele criara a Corporação Musical São Vicente de Paula, logo depois de ter aqui aportado como imigrante proveniente da Itália aos 25 anos. David Giffoni criou esta banda e ensinou a todos os seus filhos os segredos da música: era a maneira de cultuar sua pátria distante, onde havia crescido entre melodias. Era a maneira de matar as saudades do seu torrão natal. Ali estava seu herdeiro-neto, filho de sua caçula Letícia Giffoni e Rodolfo Kobel. Mas o que o grande chefe jamais poderia imaginar é que ali dormia um gênio. Odair chegou como mensageiro da paz e foi acolhido com amor infinito, sobretudo por sua mãe D. Letícia – Lelé para os íntimos.

E o menino cresceu, como Jesus, em Nazaré: “...em idade, graça e sabedoria diante de Deus e dos homens”. Ainda no berço, sua mãe contava que lhe punha nas mãos o seu bandolim e o ensinava a tanger as cordas. Logo se familiarizou com os nomes da notas, claves, partituras e acordes. Aprendeu junto com as primeiras palavras o caminho da música. Com seus 05 anos, já posava de músico uniformizado com o pessoal da banda – verdadeiro mascote. Daí  para frente foi se entregando tanto que a música já lhe era como o pão de cada dia. Nesse ambiente conheceu Mozart, Mendelssohn, Liszt, Schubert, Beethoven, sem se esquecer dos compositores da terra, verdadeiros gênios anônimos.

Ficou moço e com sua mãe abraçou a música e aquela banda, com verdadeira paixão. Seu avô, o maestro David e sua filha Letícia dedicavam-se de corpo e alma aprimorando cada apresentação musical em vários eventos. Quando já doente o velho guerreiro se sentiu incapaz, chamou a filha e pediu-lhe: “nao deixe a banda morrer”. Quando ele partiu D. Lelé foi fiel ao seu pedido e a banda continuou com ela, que buscava os meninos nos cantos das ruas e os trazia para ensinar a música. Foi ela que preparou seu filho Odair para dar continuidade àquele ideal. Odair e sua banda eram chamados para bailes, aniversários e festas religiosas em toda a região. Sem contar que Odair era constantemente chamado para acompanhar os artistas consagrados da Época, como  Nelson Gonçalves, Ronnie Von, Silvio Brito, Carmem Silva e muitos outros, participando inclusive do Programa Almoço com as estrelas apresentado pelo Casal Airton Rodrigues e Lolita na Rede Tupi de Televisão, onde foi lançado o Disco Long Play, gravado por ele com a Orquestra J. Massini.

Por essa época, conheceu sua futura esposa Martha, uma linda jovem enfermeira que também era de uma família de Músicos, filha do Maestro João Matias Marques. Com ela se casou e tiveram 06 filhos: Odair, Mauro, Ferdinanda, Luciano, Maurílio e Letícia. Todos carregando o dom artístico de seus maiores. Sem se esquecer de seus netinhos, Iris, Amarílis, Iasmin, Marcela, David, Sophia, Daniel, Isadora e Daniela, também com DNA musical.
Odair, além de maestro era também um grande mestre, como sua mãe ensinava os jovens, treinando-os na flauta, violão, teclado, acordeon, piano, saxofone e os demais instrumentos.

Muitos não perseveravam, mas ele estava ali, firme, para transmitir os seus ensinamentos e a sua paixão, com o propósito único de fazerem parte da banda.

Dedicou-se grande parte de sua vida com seus conjuntos musicais, em cada época com uma formação, tendo inclusive nos idos de 1987 parceria com o jovem guitarrista Márcio Muniz Fernandes, cuja participação na época teve grande repercussão, pois foram momentos inesquecíveis vividos naquele ano. Ultimamente, sempre junto de seus filhos, dedicou-se com muito empenho em  sua Orquestra, denominada Eternos Românticos, onde fez belas apresentações em festas de casamento, bodas e bailes tradicionais pelo Brasil e por toda a região.

Para nós foi um privilégio ter convivido com ele. Saber que cumpriu plenamente a missão pela qual chegou: trazer alegria e paz através da sua arte, enchendo o mundo de harmonias e belezas. Vendo-o, tantas vezes, humilde, recolhido em seu anonimato, caminhando às tardes pela estrada, ninguém imaginaria que a esta hora estaria falando com Deus. Nessa hora é que - através da prece – ele estava se encontrando numa dimensão superior com aqueles a quem amou profundamente e também o amaram: sua mãe e seu avô. Certamente foram eles dois, os primeiros a recepcioná-lo no céu, para onde se mudou no dia 26/05/2017. Quem o visse nas horas daqueles passeios/orações diários, jamais poderia calcular que ali se escondia um gênio e que entre estas montanhas (nem mesmo ele sabia) já se tornou Imortal

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