Com uma área de 22.917 hectares (sendo um hectare equivalente a dez mil metros quadrados), o Parque Estadual da Serra do Papagaio (PESP), abriga um importante remanescente da Mata Atlântica no estado, com formações mistas de campos, matas e matas de araucária. Criado em agosto de 1998, o Parque está localizado na Serra da Mantiqueira e concentra as nascentes dos principais rios formadores da bacia do Rio Grande, responsável pelo abastecimento de grandes centros urbanos no Sul de Minas.
Esta importante reserva está interligada com a porção norte do Parque Nacional do Itatiaia, formando um corredor ecológico de preservação da Mata Atlântica, além de contribuir com a preservação de diversas espécies de mamíferos, aves e anfíbios, com destaque o papagaio do peito roxo (que dá nome ao parque), raposas, onça parda, jaguatiricas, mono carvoeiro e o lobo-guará. Este patrimônio natural sofreu um grande impacto nos últimos dias. Ao todo a unidade de preservação teve 6 focos de incêndio em uma semana. Devido ao período de seca, a região ainda está em alerta e a área que foi engolida pelo fogo não pode ser calculada. Os prejuízos ambientais jamais caberão em números.
De acordo com o atual gestor do PESP, Alberto Pereira Rezende, o incêndio teve início na terça-feira, dia 12 de setembro, nos municípios de Alagoa e Baependi e na sexta-feira, 15, quando os focos estavam quase sendo vencidos, receberam a notificação de mais um foco em Aiuruoca. “Para toda a equipe do parque esta situação é muito triste. A gente viu com muitas lágrimas nos olhos a perda da biodiversidade local. Por todas as vidas que se perdem em tão pouco tempo, toda a região perde. A natureza leva muito tempo para se desenvolver e agora, até que tudo se regenere, seguem muitos anos”, lamenta Alberto.
O parque possui 9 funcionários e 8 brigadistas contratados e para que o trabalho de combate ao fogo fosse possível contou com o apoio dos moradores das regiões atingidas e muitos voluntários de diversas instituições. Trabalharam juntos: Brigadistas da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD); Corpo De Bombeiros de São Lourenço; Brigadistas da APA Serra da Mantiqueira (ICMBio); Brigadistas da APA Rio Machado; Brigadistas do Parque Estadual da Serra da Boa Esperança; Brigadistas da Sub base de Diamantina; Brigadistas do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro; Brigadistas da Fundação Matutu; Funcionários do Parque Estadual da Serra do Papagaio; Brigadistas Voluntários de Aiuruoca; Brigadistas Voluntários de Alagoa; Brigadistas Voluntários da Comunidade da Piracicaba, em Baependi. Além destes, o parque recebeu o apoio de dois helicópteros e quatro aviões do tipo Air Track que foram abastecidos em São Lourenço.
A Brigada do Matutu, sob a coordenação de Manno França e Aton Wilches, participou do combate ao incêndio na região do Retiro dos Pedros e Pico do Bandeira. Foram enviados 14 brigadistas no domingo, 17, quando, de acordo com a Brigada, o incêndio que já havia queimado quase mil hectares ameaçava virar a Serra do Papagaio e descer para o Vale do Matutu, em Aiuruoca.
A Brigada combateu uma linha de fogo de cerca de 4,5 quilômetros nos altos da Serra no dia 17, retornando durante os quatro dias seguintes para combater focos de incêndios subterrâneos e fazer o rescaldo (finalização e checagem final) nessas áreas.
As causas do incêndio ainda estão sendo investigadas, mas as incidências e a dinâmica do fogo apontam que tenham sido ações criminosas as responsáveis por esse grande prejuízo ambiental e social.
“Gostaria de agradecer a todos que, direta ou indiretamente, participaram do combate e ajudaram a acabar com o incêndio. A mensagem que fica é de que ações educativas precisam ser mantidas para que as pessoas tenham consciência da perda de toda a sociedade em situações de degradação ambiental como esta”, finaliza Alberto Rezende.