Por Odilon de Mattos Filho
Escrever uma biografia ou até mesmo prestar uma homenagem, de maneira resumida, não é uma tarefa muito fácil, mas vale a pena tentar quando se trata de um cidadão simples, honrado e muito especial para uma comunidade, como é o caso do saudoso José Sérgio Basílio o eterno e insubstituível Sacristão da Paróquia “Nossa Senhora do Porto da Eterna Salvação” localizada na nossa bucólica e querida cidade de Andrelândia.
Zé Sérgio nasceu em Andrelândia no dia 17 de agosto de 1927, filho de Antônio Basílio e Cecília Basílio da Silva. José Sérgio casou-se com Dona Maria Aparecida Pedrosa em 1952, e desse matrimônio nasceram sete filhos: Maria de Lourdes, Ana Alice, Marta Helena, Leila Edna, João Lázaro, Marcelo e Paulo Joel, sendo os dois últimos já falecidos.
José Sérgio estudou e concluiu o antigo primário, hoje as séries iniciais do ensino fundamental, e ainda muito cedo começou a trabalhar. Inicialmente, trabalhou como Pedreiro na cidade de Volta Redonda retornando a Andrelândia foi trabalhar em um Laticínio. Após esses empregos, resolveu ser um trabalhador autônomo. Adquiriu uma carroça e uma mula e começou o seu trabalho como carroceiro fazendo todo tipo de frete. Aliás, um dos mais conhecidos e admirados profissionais do ramo.
Mas o que mais diferenciava e destacava o “Carroceiro” Zé Sérgio dos outros companheiros de profissão, era a sua dedicação e felicidade com que trabalhava, e isso era demonstrado com as inúmeras melodias, improvisos e imitações de cantos de pássaros por meio de um afinado, perfeito e inigualável assobio que ecoava pelas ruas de Andrelândia e presenteava nossos ouvidos com uma harmoniosa sonoridade.
Depois, de muito labutar em sua carroça e demonstrar ser um homem digno e probo, Zé Sérgio foi convidado pelo Pároco, Padre Jaime Salgado para assumir em 1976, a função de “Sacristão” da Paróquia “Nossa Senhora do Porto da Eterna Salvação”, e lá permaneceu por mais de 30 anos, até o seu falecimento no dia 06 de agosto de 2006. Nesse período Zé Sérgio trabalhou com três Párocos: Padre Jaime, Padre Tibúrcio e o atual Padre Domingos.
Como Sacristão, e não obstante a eficiência, seriedade e lealdade aos Párocos, Zé Sérgio foi, também, um homem muito espirituosoe divertido. Dono de um vozeirão muito grave, além de cantar com o coral da Igreja, sempre surpreendia os participantes das celebrações e os próprios Padres durante os Cânticos Litúrgicos com imitações de instrumentos musicais como o sousafone, trombone ou bombardino, o que as vezes causava muitas risadas abafadas, mas nada que comprometesse a celebração.
Outro fato inesquecível era quando o Sacristão Zé Sérgio exercia o papel de locutor de obituário da Paróquia. Em Andrelândia os velórios e sepultamentos são, até hoje, anunciados no sistema de altofalantes das Igrejas, e um dos encarregados dessa missão era, exatamente, Zé Sérgio. Por várias vezes, a triste notícia de um falecimento se transformava em divertimento, ou pela entonação que empregava à sua voz durante o aviso fúnebre, ou quando esquecia o microfone ligado e fazia algum comentário ou simplesmente começava a cantarolar com o seu vozeirão típico dos cantores de timbre “baixo profundo”.
Durante a sua vida José Sérgio foi muito querido pelos andrelandenses e sempre teve o reconhecimento do seu trabalho. Em 2006, por exemplo, José Sérgio Basílio foi agraciado com a Medalha “Visconde Arantes”, uma das principais comendas oferecidas pelo município de Andrelândia aos cidadãos que se “destacaram na vida política, social e cultural, tanto, na esfera Municipal, Estadual ou Nacional” (art. 2º da Lei Municipal 1.311/2002).
E aqui, uma vez mais, o nosso amigo Zé Sérgio, com justiça, é homenageado, porém, dessa feita, essa honraria vem desse importante jornal de integração regional, cabendo a esse modesto articulista andrelandense a difícil, mas gratificante tarefa de tentar contar um pouco da marcante história de José Sérgio Basílio, um homem simples, humilde, cativante e que soube amar a sua família, seu trabalho, sua terra e sua vida. Esse é mais um “Personagem que faz parte da nossa história”!
Por Odilon de Mattos Filho - odilondemattos@ig.com.br