Estamos iniciando hoje uma série de reportagens sobre a minha tese de doutorado: Consenso e conflito na Serra do Papagaio. Trabalho que iniciei em 2013 e concluí em 2017 no programa de Ciências Sociais da PUC-SP. Apesar do foco antropológico da pesquisa, posso considerá-la interdisciplinar, uma vez que dialoga com diversas áreas do conhecimento.
Sou antropóloga, pesquisadora e professora e moro na região da Serra do Papagaio há 20 anos, tempo em que tenho me dedicado às pesquisas históricas e culturais. Deparei-me também com diversos conflitos socioambientais, que são os conflitos que envolvem as populações, as unidades de conservação, à legislação ambiental e grandes empreendimentos. Isso me estimulou a realizar esse trabalho com intuito de resgatar eventos, fazer registros e compreender distintas realidades.
Na tese, dediquei-me primeiramente em fazer um apanhado histórico da região, focando nos municípios do entorno do Parque Estadual da Serra do Papagaio (PESP), origem e povoamento, assim como as características socioculturais das comunidades, a criação das unidades de conservação da região e os conflitos socioambientais existentes.
Essa série de reportagens estará em dez edições do jornal, sempre nas edições coloridas do início e do meio do mês.
O próximo artigo discorrerá sobre o histórico do povoamento dos municípios do entorno do parque, Aiuruoca, Alagoa, Baependi, Itamonte e Pouso Alto, assim como o processo de ocupação do território desde épocas do povoamento indígena na região.
No terceiro artigo me dedicarei em traçar um panorama da população tradicional da região, aproximando-a como comunidade tradicional caipira, mas deixo claro a necessidade de auto – declaração da comunidade para tal classificação, isto é, não basta nós antropólogos defini-los como tal, ela deverá se originar do sentimento de pertencimento do grupo.
Esses dois artigos estão relacionados com o primeiro capítulo da tese. No segundo capítulo da tese escrevi sobre o histórico do surgimento das unidades de conservação na região e a realidade de exploração mineral e vegetal. O artigo quatro da série terá como foco a criação da Estação Ecológica do Papagaio e o contexto em que ela se tornou realidade. A Estação Ecológica foi a unidade anterior ao Parque Estadual. Inserirei alguns mapas desenhados pela minha equipe de trabalho no decorrer da série de reportagem, assim como fotos das realidades descritas.
O artigo cinco se focará na criação do Parque Estadual da Serra do Papagaio e nos conflitos socioambientais existentes na região. Também abordarei as distinções entre essa unidade de proteção integral, isto é, onde não é permitida a existência de moradores e a realidade da unidade sustentável que engloba a região, a Área de Preservação Ambiental da Serra da Mantiqueira- APA Mantiqueira.
No artigo seis abordarei alguns projetos desenvolvidos no entorno do PESP, o projeto Comunidades da Serra do Papagaio e o Consórcio de Ecodesenvolvimento Regional da Serra do Papagaio (CER).
O artigo sete será dedicado ao projeto de redelimitação do Parque, seus objetivos, desafios e conflitos, que inviabilizaram um apoio político suficiente para que ele fosse aprovado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), onde está tramitando até hoje.
O artigo oito será dedicado às comunidades do entorno do PESP, suas atividades socioeconômicas e características culturais. O artigo nove se dedicará aos conflitos socioambientais que as comunidades locais tem vivenciado nos últimos anos.
Além dos eventos históricos, discuto questões teóricas, tais como: cultura, imaginário cultural, território, modelos de conservação e modelos de desenvolvimento, assim, ao longo dos artigos abordarei brevemente alguns desses temas.
Encerrando o percurso da tese, o último artigo, e número dez, levantará algumas considerações finais do trabalho, abrindo aqui algumas contribuições da pesquisa para a região.
Procurarei trazer elementos importantes da pesquisa, mas como a tese é bastante extensa, apresentarei um brevíssimo resumo da mesma. Contudo, para quem estiver interessado em conhece-la melhor ela está disponível no escritório do Parque, versão impressa, ou poderei enviá-la por e-mail para os interessados. Em breve estará no sistema de biblioteca digital da PUC-SP.