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Baependi - Notícias
14/08/2014 16h35

Personagens que fazem parte da nossa história - Ítalo Nicoliello

Ícone da medicina do Sul de Minas.

Por Maria José Turri Nicoliello

 

O rio caudaloso da memória, pulsante, sempre trará em ondas, a figura singular do Dr. Ítalo Nicoliello – ícone da medicina do Sul de Minas. Nos seus 57 anos dedicados à profissão, sempre o sorriso aberto, o forte aperto de mão de quem fez da medicina uma profissão de fé. Suas mãos bem talhadas curaram as dores de tantos; a voz tranquilizadora apaziguou tantos corações aflitos com uma simples conversa, porque as pessoas precisam e querem ser ouvidas: O que você está sentindo, minha filha?”. Quando começávamos a falar sobre nossas queixas, muitas vezes ele completava a frase, seguido de um “hã, hã...”, a tão necessária segurança entre médico e paciente - meio caminho andado para a solução de muitos problemas. O olhar indagador deixava transparecer, sem ser arrogante, a inteligência superior, revelada na acuidade e no acerto dos simples diagnósticos até os mais complexos. De memória prodigiosa,conhecia sua vasta clientela pelo nome. Isso sempre achei formidável!

Primeiros anos

O menino Ítalo nasceu em 6 de março de 1932, em Baependi, filho de Antonio Nicoliello e Dagmar Junqueira Nicoliello. Segundo conta sua irmã Maria José, aos cinco anos arrastava uma velha valise de sua mãe, recheada de apetrechos que usava para “auscultar” as bonecas de suas irmãs. O olhar grave, as sobrancelhas arqueadas, demonstravam reflexão e seriedade. Seu caminho estava traçado: seria médico, profissão que seu pai teria seguido, por vocação, não fossem as circunstâncias pelas quais passou.

Iniciou os estudos no Grupo Escolar Dr. Wenceslau Braz, depois no Colégio Santo Inácio, em Baependi, e mais tarde concluiu o Ensino Fundamental no Colégio dos Irmãos Barnabitas, em Caxambu (1948). O Ensino Médio iniciou no Colégio São Joaquim, em Lorena-SP, e o concluiu em Belo Horizonte. Ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG, em 1952, onde colou grau em 1957. Começou a estagiar muito cedo. No primeiro ano de faculdade foi aprovado para trabalhar com bacteriologia e imunologia. Fez internato na clínica médica do professor Oswaldo de Melo Campos, na Maternidade Odette Valadares e na clínica do professor Rivadávia de Gusmão. Em 1956, passou no concurso do Serviço Médico de Atendimento de Urgência/SANDU, o que seria o SAMU da atualidade, onde permaneceu até se formar.

Estabeleceu-se em 1958, em Baependi, como Clínico Geral, segundo a vontade de seu pai. Além do consultório médico também atuou no Hospital Cônego Monte Raso toda a vida profissional. O tempo foi passando e sua excelência profissional foi fazendo fama, o que trouxe pessoas da redondeza e de cidades distantes em busca da resolução de um problema ainda sem resposta.

 

O legado

Em 1960 casou-se com Maria Rita Meirelles Nicoliello, com quem teve três filhos: Ítala, Ivana e Antonio Carlos, que lhes deram cinco netos: Ítalo, Stela, Laís, Ana Maria e Carla. A medicina parece estar no DNA dessa família. Além do filho médico, Antonio Carlos, três de seus netos seguem a carreira médica – Ítalo, Stela e Laís.

As justas homenagens

Dr. Ítalo foi velado na Igreja Nossa Senhora do Rosário, em Baependi, com ritual grandiloquente e emocionante encomendação. A igreja ficou pequena para receber tantas pessoas e enorme quantidade de flores e coroas em sua homenagem. Pessoas, muitas anônimas, choravam, “conversavam” com ele, balbuciavam palavras amorosas, de sentimento doído, a expressão de seu pesar. Ao fim da cerimônia, sob aplausos, saiu da igreja carregado por quatro padres. Na caminhada até à última morada verdadeira multidão o acompanhou às lágrimas, a passos lentos, em silêncio absoluto, só quebrado pelos compassos da centenária “Corporação Musical Carlos Gomes”.

Ficamos todos órfãos com sua passagem aos 3 de julho de 2014, tio querido. Há pessoas iluminadas, que nasceram para fazer o bem, e você veio a esse mundo para servir. A nobre missão de curar era algo natural em você. Mente estudiosa, mantinha-se atualizado em leituras técnicas que avançavam muitas vezes a madrugada. Alegre, bem humorado, entabulava conversas interessantes, seja contando casos, falando sobre política, futebol ou cavalos.

Abnegado, sempre gentil, incansável, atendia a quem precisasse de sua ajuda. Médico por vocação, era o médico de todos, independente da condição social. Nunca deixou de prestar assistência a quem dele precisasse; um homem iluminado que fez da medicina verdadeiro apostolado.

”A memória do justo será eterna” – Salmo 111,06

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