por José Francisco Mattos e Silva
Há muito desejava compartilhar com meus conterrâneos e amigos de Bom Jardim de Minas e região a real situação do “Acervo Cultural Antoninho Guido de Paula”. O acervo é a “semente de um futuro museu”, nada mais justo que a futura casa de cultura da cidade já tenha recebido a denominação de “Centro Cultural Antoninho Guido de Paula”.
Além da lembrança saudável e festiva de sua presença marcante na vida política, cultural e religiosa da cidade, o Guido nos deixou seu maior legado: um rico acervo que é composto de centenas de documentos, fotos, impressões, livros, objetos que contam e retratam a vida do povo e da localidade de Bom Jardim de Minas desde o século XVIII até a data de sua morte, há aproximadamente 4 anos. Um conjunto de imensurável valor histórico e cultural para Bom Jardim de Minas, para a microrregião de Andrelândia e para todas as Minas Gerais, sobretudo para a história do “Caminho do Comércio: o caminho dos tropeiros entre as Estradas Reais”.
Com o falecimento do Guido, pessoalmente procuramos a Alice, e foi com sua autorização (tudo constante em ata e documentado na presença de autoridades civis e eclesiásticas, inclusive com registro de ocorrência na Polícia Militar) que foi o Acervo transferido do antigo “Hotel Francelino” para imóvel locado pela prefeitura na rua Vicente de Paula Marques, onde hoje se encontra, o que se deu com ação conjunta da Secretária de Educação e Cultura do Município que não mediu esforços para este desiderato, além de apoiar juntamente com a Prefeitura a destinação dos recursos do ICMS Cultural para o custeio da catalogação, armazenamento e digitalização de todo o acervo, trabalho que foi realizado pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Arqueologia – IBRAMA, estando pois a salvo e preservado para, brevemente, servir ao povo de Bom Jardim de Minas e região, cumprindo a função constitucional da propriedade cultural.
Hoje o Acervo encontra-se como “reserva técnica”, não sendo ainda permitida a visitação pública por falta de acomodação, mas disponível, em casos justificados, a consulta ao conteúdo digitalizado, bastando apenas procurar a Secretaria Municipal de Educação. Fica, portanto, esclarecido a todos, indistintamente, que o acervo do Guido encontra-se protegido, é bem inventariado e não sofreu nenhum dano, sendo alvo de constante proteção, vigilância e manutenção pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura, além do povo que constantemente indaga sobre sua existência e sua destinação, o que é louvável.
Aproveito o ensejo para comunicar e deixar claro que desde agosto de 2012, não mais integro o Conselho Deliberativo, Consultivo e Normativo do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural de nossa cidade – COMPHAC-BJ, tendo me desvinculado no prazo regimental de três anos. Mas não poderia deixar de dizer, na qualidade de cidadão bom-jardinense, que temos este tesouro: o Acervo Cultural Antoninho Guido de Paula que quando posto ao uso do povo vai imprimir na cidade a identidade de ser bom-jardinense na compreensão múltipla dos valores do ser, do ter e do estar que é.
A existência do acervo desperta o sentido de lugar,, da nossa terra, do sangue, do sentimento, da nossa identidade, do nosso povo e tudo que a forma e a transforma, nosso Bom Jardim, nosso “Amor da Mantiqueira”.
E o Acervo do Guido? Vai bem, obrigado. Pode ficar melhor, ele é vivo e constante. Façamos nossas doações, você também faz parte da história, você também é Bom Jardim de Minas...