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Bom Jardim de Minas - Notícias
29/08/2013 08h19

Tradicional Festa de Agosto de Bom Jardim de Minas

A festa é realizada desde o século XVIII em homenagem ao padroeiro.

por José Francisco Mattos e Silva

 

Registros históricos, além da própria história da cidade, comprovam a antiguidade da devoção ao Senhor Bom Jesus de Matosinhos. Com a festa em homenagem ao padroeiro, realizada em agosto,  não seria diferente: ela é a mais antiga de Bom Jardim de Minas, realizada desde o século XVIII, mais precisamente em 1780, a partir da construção da Antiga Matriz do Senhor Bom Jesus de Matosinhos e, especialmente, com a primeira procissão com a nova imagem do Padroeiro, que aconteceu em 1873. As comemorações eram tão famosas que atraiam romarias e fiéis das diversas localidades vizinhas, conforme relata o Jornal da Cidade do Turvo, de 1893 que narra, na ortografia da época: “com grande explendor realizaram as festas em hora de N.Senhora do Rosário, S. Sebastião e do padroeiro S. Bom Jesus de Matozinhos no poético e pitoresco Bom Jardim. De todos os logares circunvisinhos afluio o povo que foi recebido com a costumada affabilidade pelos habitantes do lugar. As festas religiosas, em todos os três dias, contaram com Missa Solene, procissão, sermão e Te-Déum, além de leilão de prendas e fogos. Durante as festas tocou a banda. As saudades da festa, os dias alegres e prasenteiros que passamos em companhia de tão bons amigos de Bom Jardim nos dão força para esperar a festa do ano vindouro”.

Como naqueles tempos, estamos hoje com saudades da festa do Padroeiro, mas com força para esperar a festa dos anos futuros. Estamos saudosos da tradicional festa de agosto que é sim a festa do Padroeiro. Os bom-jardinenses sabem que não existe distinção entre uma e outra: nossa festa sempre foi e deve ser única. São, no mínimo, 200 anos de cultura e tradição, sem que o núcleo da festa fosse alterado. Mas, lamentavelmente, temos assistido, nos últimos anos, a mutilação da mais importante manifestação cultural, religiosa e social da cidade, o que nos faz inspirar nos nossos conterrâneos reflexões profundas, partindo da seguinte pergunta: vamos deixar nossa tradicional festa acabar?

E aqui não defendemos o tradicionalismo, mas defendo sim a tradição cultural do nosso povo: a festa de agosto, por decisão da Comunidade, foi fixada no 2º final de semana de agosto, com três dias de festa, com banda de música nas alvoradas, nas procissões, depois das Missas e com os leilões, fogos e foguetes, flores, barraquinhas nas ruas e a confraternização do povo na praça. Casas cheias, janelas enfeitadas, sinos dobrando, povo na rua, todo um encantamento ligado à importância da imagem do Padroeiro, importância que não pode ser vulgarizada. Merece parabéns a prefeitura pela realização, sem medo, da festa social e da boa organização do evento no centro histórico. Ilógico separar a festa religiosa da social. Antes de tudo, é a festa da confraternização bom-jardinense. Isto sim é que deve ser cultivado.

E, sem medo e sem assombrar-me com qualquer cara feia, não tenho dúvida de dizer que a festa do Senhor Bom Jesus de Matozinhos, no 2º Domingo de agosto, em toda sua extensão religiosa e social reflete uma forma de expressão que é a grande responsável pela transmissão de costumes, tradições e hábitos do nosso povo, razão pela qual, seguindo as lições doutrinárias do ilustre coordenador das promotorias de defesa do patrimônio histórico, cultural e turístico do Estado de Minas Gerais, Marcos Paula de Souza Miranda, defendo que a nossa festa é um modo de criar, fazer e viver, que “nada mais são do que os hábitos, os costumes e as tradições de nosso povo, oriundos das influências sofridas por parte dos grupos formadores da sociedade brasileira. Dizem respeito à maneira como vivem os brasileiros, abrangendo sua culinária, agricultura, crenças, costumes, hábitos, religião, etc”.

Nossa festa de agosto, que é sim a festa do Padroeiro, é o maior patrimônio cultural imaterial de nossa cidade e por isso deve ser cultivada, preservada, defendida. Destruída e desvalorizada não.  Pois mesmo que queiram poucos, nossa festa de agosto, como sempre, não mudará e nem se perderá. Pode ficar apagada, mas é força viva no coração de cada filho de Bom Jardim de Minas, e por elas vamos lutar, nem que seja no silêncio e na certeza de que tudo passa.

As comemorações de 2013 foram marcantes. Sem dúvida imprimiram no coração do povo um sentimento de pertença há muito esquecido e, com isso, sem dúvida, um despertar e um olhar diferente sobre as coisas da nossa terra: vamos cuidar do que é nosso, afinal, “Cultura e tradição não se muda nem se perde. Cultiva!”.

Arte e música

A comunidade se divertiu com as apresentações de shows nos três dias de festa. Na sexta feira, o show ficou por conta da Banda Dallas, que agitou a galera. Sábado, o público assistiu à apresentação da Banda Conexão, e no domingo foi a vez da dupla Helder e Robson animar a noite cantando sucessos sertanejos.

Barraquinhas foram montadas na área urbana da cidade - que é, verdadeiramente, o centro histórico da cidade de Bom Jardim - para atrair ainda mais as famílias que puderam sair de suas casas, percorrer as barraquinhas de deliciosos petiscos, ouvir música e participar da festa de rua da cidade, que faz parte da programação cultural de Bom Jardim de Minas.

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