por Paulo Paranhos*
Com o verso do hino de Caxambu, de autoria do insigne professor Antônio Maurício Ferreira, rememoramos que a história de um município pode se iniciar em um povoado que se formou devido às mais diversas condições; no caso de Caxambu, a presença das águas minerais (que foram descobertas no início do século XIX, de acordo com a maior parte dos historiadores que escreveram sobre Caxambu, marcando-se, para tanto, o ano de 1814) foi decisiva para que se formasse aqui um povoado no entorno das fontes que começavam a ser captadas por gente vinda de Baependi.
Esse primeiro assentamento humano, que efetivamente ocorreu com a participação concreta de homens como João Constantino, Oliveira Mafra, Teixeira Leal e José Nogueira, com o tempo, e dadas as condições de vida existentes, atraiu pessoas interessadas nos benefícios que as águas minerais traziam. Pessoas, inclusive, do alto escalão do governo imperial, não fosse a mais importante visita a da Princesa Isabel e seu esposo, o conde D’Eu, em 1868, que para cá acorreram em busca do tratamento de uma anemia profunda que impedia a princesa de engravidar. A esse ilustre casal, acrescentam-se o duque de Caxias, o marquês do Paraná e um grande poeta e literato de inolvidável valor: o padre Correia de Almeida.
Desta forma, a tendência do povoado era crescer. Ainda que lhe faltassem muitos recursos, não restam dúvidas de que avançou em termos de crescimento populacional, despertando, também, a atenção de comerciantes – na sua maior parte hoteleiros – com a constância, conforme dito, do crescimento do povoado, tornando-se uma freguesia e, posteriormente, uma vila, e aqui não deve ser olvidado o nome do conselheiro Francisco de Paula Mayrink, um dos que mais pugnaram para a emancipação de Caxambu.
Com as modificações que se sucederiam, principalmente saneamento, água potável e luz elétrica, a vila cresceria, transformando-se em uma cidade. Assim é que a Lei provincial nº 2.157, de 16 de novembro de 1875, concedeu-lhe a condição de Freguesia das Águas de Caxambu, por apresentar características próprias que a definiam como tal. A freguesia adquiria a sua autonomia político-administrativa, constituindo-se, para tanto, um conselho distrital composto de três membros, com autoridade outorgada pela Câmara de Baependi, a quem ainda estava subordinada a freguesia e a quem competia a responsabilidade direta na sua administração. E chegou o ano de 1901, quando Caxambu foi emancipada de Baependi em 16 de setembro, por força da Lei nº 319, tendo os foros de município e vila.
A foto a seguir mostra o centro da vila, no início do século XX, vendo-se o Parque das Águas em primeiro plano, com as fontes D. Leopoldina (esquerda); D. Isabel (ao centro) e Duque de Saxe (à direita).
Na ocasião de sua emancipação, Caxambu passou a ter dois distritos: o da sede e o de Soledade. O artigo 2º da mencionada lei falava que somente seria instalado o município depois de satisfeitos os requisitos do nº 2, do art. 4º, da Lei nº 2, de 14 de setembro de 1891, que cobrava a existência de edifícios públicos para a casa da câmara municipal e de instrução pública, com a capacidade e condições requeridas para os fins a que seriam destinados. Com o cumprimento dessas exigências, Caxambu, finalmente, pôde ostentar com orgulho o título de município.
*Paulo Paranhos é membro do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais