No Sul de Minas, onde os caminhos se cruzavam levando e trazendo bandeirantes, tropeiros, garimpeiros e caixeiros viajantes que circulavam entre São João dei Rei, Rio de Janeiro, Aiuruoca e São Paulo, nasceu o município de Cruzília. O ponto culminante da cidade é a Serrinha,com 1.360 metros e uma vista belíssima da região. Fazendas do séc. XIX, como a Traituba, Angay e Favacho, que guardam tradições de famílias patriarcais da região, ainda são encontradas no município.
A cidade foi construída em uma porção de terra entre duas estradas que, no século XVIII levavam ao interior das capitanias, entre Aiuruoca e Alagoa. A região ficou conhecida como “atalho para o Caminho Real” e foi rapidamente batizada de Sítio da Encruzilhada.
Apesar do território ter sido concedido pelo Governador das Minas a Manoel de Sá, em 20 de dezembro de 1726 (Refere-se à concessão de sesmaria a Manoel de Sá que, em seu requerimento alegou estar “cultivando umas terras que até esse tempo nunca tiveram dono nem cultura, no sertão que vai, da encruzilhada a leruoca”), consta que as terras já estavam no roteiro dos Bandeirantes comandados por André Leão desde 1601. O lugarejo teve o seu primeiro registro da agricultura em 1730, na região de São José de Favacho, e, em 1736, Manoel da Costa Gouvêa e outros requerem licença para construir um atalho no caminho velho de São Paulo, “principiando no sítio de Manoel de Sá, aonde chamavam A Encruzilhada, continuando-o até entrar no caminho novo dos Goiases”.
Em 1758 foi construído um cemitério no local, que atendia aos fazendeiros e colonos da região, e, em 1761, foi benta a capela da Fazenda do Favacho, onde eram balizados os membros da família Junqueira (1° de janeiro). No ano de 1805 tem-se o primeiro registro da presença da pecuária na região, com a chegada de algumas cabeças de gado leiteiro do tipo Holandês.
Em 1822 o local já é mencionado em livros da paróquia de Baependi como Bairro da Encruzilhada. No ano de 1827, foi erguida nas terras da Encruzilhada a Casa Grande de Traituba (nome que significa “Pedra de Deus” ou “do Criador” em Tupi-Guarani), construída especialmente para receber a visita do Imperador Dom Pedro l. A visita nunca se concretizou, mas o lugarejo ganhou uma das mais majestosas construções do Brasil Império.
Em 1858, foi construído o primeiro comércio, de propriedade de Manoel Domingues Maciel, que atendia a fazendeiros e viajantes. Numa colina chamada Serrinha, Manoel Domingos se estabeleceu e, segundo a tradição, ali surgiu o povoado O arraial que se formou no sítio do “Capitão”, desenvolveu-se ao redor da Capela de São Sebastião, edificada em 1861-62, por António Pinto Ribeiro.
Em 1873, já com o nome de São Sebastião da Encruzilhada, o arraial passou a ser distrito de Baependi, pela lei n° 1.997, de 14 de novembro. Delimitada sua área, o distrito desmembra 508 km2 do município de Baependi.
Em 1874, é criada a Paróquia de São Sebastião da Encruzilhada, sendo seu primeiro vigário o Padre João Câncio dos Reis Meireles. No ano de 1876, acontece a primeira instalação de água potável no distrito, feita sob a supervisão do vigário da paróquia, o Padre João Câncio e do Sr. Manoel Domingues Maciel.
Tendo como base da economia a produção de fumo, cana-de-açúcar e cereais, o distrito já tinha, em 1878, uma Agência de Correios. Duas salas de aula ofereciam, separadamente, como mandavam os bons costumes da época, as primeiras lições para alunos e alunas da localidade. Em 1886, Mons. João Câncio dos Reis Meireles, Pároco do povoado, cria o colégio São Sebastião, que foi entregue à direção do professor Afonso Celso Ferreira. A partir daí, esta escola adquiriu grande reputação pela seriedade do seu sistema de ensino, atraindo alunos de todo o sul do Estado e até mesmo das capitais mais próximas.
No ano de 1914, em 7 de setembro, é fundado o Clube Recreativo Encruzilhadense e em 4 de julho de 1915 é fundado o primeiro clube esportivo do distrito, o Sete de Setembro Futebol Clube. 1918 foi o ano de fundação da primeira casa de saúde do povoado, denominada “Casa da Caridade”. Em 1920, foi construída a hidrelétrica que levou luz para as ruas do distrito, com então 1.500 habitantes. Diante do acelerado desenvolvimento do povoado, em 1937, o lugarejo foi elevado à categoria de Vila.
Mais tarde, em 1938, o distrito teve seu nome reduzido para Encruzilhada pela Lei n°148, de 17 de Dezembro. Em 1939, estudantes, autoridades e a banda de música foram às ruas receber o então presidente da República, Getúlio Vargas, que vinha acompanhado do governador, Benedito Valadares, ambos em direção à capital.
Em 1943, o distrito passa a se chamar Cruzília por força do decreto-lei n.°1.058, de 31 de dezembro e, cinco anos depois, torna-se município pela Lei n.° 336, de 27 de dezembro de 1948, conquistando a emancipação de Baependi e iniciando uma nova história política e administrativa.
Em 1° de janeiro de 1949, o município é instalado solenemente, em sessão realizada no salão de festas do antigo Colégio Estadual São Sebastião.
Fonte: Paróquia de Cruzília