Por Fátima Alves
Nasceu na antiga Encruzilhada, aos pés da Santa Cruz e com a inteligência brilhante que Deus lhe deu trabalhou pela terra natal com afinco. Conseguiu com isso antever o futuro e escancarar para Cruzília as portas do progresso.
Filho de Antônio Magalhães e da professora Benvinda, veio ao mundo em 14 de março de 1895.Tornou-se pai de sete filhos. Aprendeu com a mãe as primeiras letras e completou seus conhecimentos culturais através da leitura de livros e da assinatura de jornais e revistas. Conseguiu fazer a leitura do mundo estudando sozinho.
Em 1915, fundou o time pioneiro de Cruzília, que hoje é a equipe do 7 de Setembro F.C. Nhonhô foi seu primeiro atleta e diretor presidente em várias gestões, quando numa delas levantou o Estádio Cel. Cornélio.
Em 1922, fundou o primeiro cinema e alguns anos depois trouxe e mostrou aos incrédulos o primeiro automóvel, um fordinho marrom. Em 28 chegou pelas suas mãos o primeiro carro de praça. Também trouxe pela Light o telefone público e o instalou em sua residência. Fundou a segunda Banda de Música da cidade. Foi maquinista da primeira e única usina elétrica. Também fez as primeiras instalações elétricas nas casas residenciais.
Quando Cruzília conseguiu a sua emancipação político-administrativa, Nhonhô foi a coluna sustentável na qual se apoiou o primeiro prefeito da cidade. Foi vereador eleito por duas vezes. Numa área compreendendo 1.500m², com lotes vendidos a 500 mil réis, no prazo de dois anos, criou a Vila Magalhães, com grandes sacrifícios. Fundou o antigo PTB e foi seu primeiro presidente. Fundou também a Cooperativa Agropecuária e a fábrica de canivetes. A sua fábrica de guarda-chuva também teve um início festivo. Ele se servia do produto fabricado para presentear os amigos.
Magalhães foi rádio-técnico e único rádio-amador da cidade. Foi o primeiro barbeiro, o primeiro fotógrafo, o primeiro bombeiro, o primeiro padeiro, o primeiro eletricista, o primeiro ourives, o primeiro a consertar rádios e o primeiro mecânico a ser autorizado pela Ford.
Na área social foi presidente da Conferência Vicentina e se tornou querido e admirado pelos pobres e confrades. Na reforma da Igreja Matriz aplicou seus conhecimentos científicos e, principalmente empíricos.
A rodovia que liga Cruzília à BR-267 tem por nome BR-383 e em homenagem ao grande Nhonhô passou a chamar-se Rodovia Antônio Magalhães Júnior.
No final da vida passou a cuidar de sua chácara e de suas abelhas. Em dezembro de 74 saiu de cena, vitimado por um enfarte.
Nhonhô sempre foi sinônimo de força, coragem, dedicação, iniciativa e idealismo. Em tudo foi sempre o primeiro. Na hora das boas lembranças que a memória dos cruzilienses primeiro se volte para ele. É preciso devolver o que de bom grado Magalhães deixou para a posteridade. Assim a comunidade estará fazendo justiça a esse homem que nada pediu em troca, mas que deixou tudo como legado de seu trabalho dinâmico e de sua inteligência prodigiosa!