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Cruzília - Notícias
19/09/2013 11h20

Personagens que fazem parte da Nossa História - Sebastião Alceu Maciel Pereira

Sebastião Alceu Maciel Pereira, grande personalidade que marcou época na cidade de Cruzília.

por Caio Junqueira Maciel

 

Filho de Augusto Maciel - que legou nome à Vila Augusto - Alceu entrou em campo no dia 10 de setembro de 1927 - e deve ter sido a única vez que reclamou, pois queria ter nascido três dias antes, para comemorar a data juntamente com seu querido clube Sete de Setembro. Desde menino, tornou-se amigo de seus primos, filhos do Sr. Cornélio e Sr. Manoelito.

Grande era sua afeição por  Sr. Juca, que o convidou para ser padrinho do filho Walter e também para trabalhar como locutor no Cine Vitória. Durante muito tempo, ele abria a programação, com um timbre característico, elegante, sóbrio:  “ Senhores ouvintes, boa noite. O Cine Vitória exibirá hoje...” Alceu gostava de assistir ao jornal das Atualidades Atlântida e rever vitórias de seu Botafogo no Canal 100. Raramente ficava para assistir aos filmes, principalmente depois que se casou, em 21 de setembro de 1957, com Dulce Andrade, com quem teve o filho Eugênio Andrade Pereira, que se tornou famoso no futebol vestindo as camisas do Sete, Ypiranga e do Botafogo de Baependi. Já o Alceu, este somente vestiu a camisa do Sete, ou de selecionado da região, chegando a jogar contra times profissionais. Admirava o craque Nilton Santos, com quem foi fotografado. Como atleta, era refinado defensor, modelo de fair play, nunca foi expulso e era respeitado por seus adversários.

Honesto, humilde, bom, cordial, eis alguns adjetivos simples para caracterizar um homem simples que sempre soube servir e nunca exigir da vida regalias e luxos. Trabalhou no posto Texaco, da família Arantes, depois continuou no mesmo ofício no posto Atlantic, do Minelli, trabalhando também no posto Ypiranga. Era um homem disposto. Era um eficiente motorista e, paciente, ensinou muita gente a dirigir. Andava vestido de macacão, desde quando a estrela símbolo do Texaco guarnecia suas costas; depois usou um macacão onde se lia “Pneus OK Guanabara”; e de macacão treinava as divisões de base do 7 de Setembro F.C. Formou inúmeros craques. Entre seus muitos amigos, destaca-se Poleca, sapateiro e eterno reserva de goleiro. A imagem do “Sô Arça” e do Poleca, conversando na esquina do cinema, é inesquecível para quem viveu nas décadas de 60 a 80. Já em seu tempo de aposentado, e com a saúde debilitada, Alceu gostava de passear de carro com o amigo Marcelo Maciel. Ele pedia para passar por alguns lugares onde havia certas belezas para serem vistas... Mas, quando havia decisões dramáticas de futebol, seja no campo, seja na tevê, ele não queria ver, preferia saber do resultado depois, para não sofrer. Por outro lado, durante muito tempo, “Sô Arça”, com Milico, Lulu Teixeira e Sô Cacildo, no dia maior de sofrimento da religião católica, na Sexta-Feira da Paixão ele descia o Cristo da Cruz. Era emocionante ver aquele homem grande, sem macacão, de trajes brancos, tendo o Jesus morto em seus braços.

Alceu deixou o campo no dia 12 de outubro de 2011, enchendo todos de saudades, especialmente seu filho, sua nora Lúcia e os netos João Paulo e Laís. Partiu no dia de Nossa Senhora  Aparecida. Se os mortais aqui soltavam foguetes comemorando a santa, no Céu, houve um foguetório maior: Poleca, Covinha, Lili e até o Mané Garrincha estavam à espera daquele homem simples, que sempre esteve ao seu dispor... E não é de se estranhar se numa noite dessas, o afilhado astrofísico descobrir que há, no céu, uma estrela de macacão.

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