por Bebeto Andrade
Todo mundo gosta de ganhar presente, certo? E o que dizer de um presente que não se destina a uma só pessoa, mas a um grupo de amigos, a uma pequena sociedade, até mesmo a uma comunidade inteira? É isso o que fará Adolfo Maurício, no final de setembro, ao inaugurar o Centro Cultural Manuel José Maciel, espaço dedicado à literatura, às artes plásticas, ao cinema, ao teatro, à história e à música. Em outras palavras, Maurício dará um presente a si mesmo, aos seus amigos e a todos os moradores de Cruzília, ao franquear o acervo artístico e cultural que vem juntando em suas nada monótonas andanças.
O Centro Cultural parece ser sonho antigo do Maurício, que havia anos acomodava em sua casa uma assombrosa coleção de livros, objetos artísticos e filmes, numa pacífica e aconchegante bagunça. Fosse um intelectual comum, o homem teria mandado construir um estúdio para gozar em paz do benefício de seus guardados; mas o poeta é também político, e os dois sabem da importância de se repartir o pão, aqui metáfora para “diversão e arte”. Como diz o próprio fundador, agora Cruzília contará com um “ponto de encontro da sensibilidade”, onde já se promoveu uma homenagem ao professor Manezinho, inspiração para o nome do Centro e espécie de sinônimo de cultura na cidade.
Mas, afinal, o que é que o Adolfo Maurício escondia em sua casa? Pra se ter uma ideia, o acervo dispõe de uma biblioteca com aproximadamente 12.000 livros, mais de 3.000 fotografias originais da cidade e quase 3.000 documentos relacionados ao município e região, entre originais e cópias. Os amantes de cinema encontrarão mais de 2.500 filmes catalogados, e em matéria de música há uma boa coleção de gravações eruditas e de clássicos da MPB, entre antigos vinis e CDs. Chama a atenção também a bela coleção de presépios e crucifixos, que somam quase 300 peças. E pra animar ainda mais o ambiente, está em fase de montagem o “Mini Museu da Cachaça e do Queijo”, que certamente não se ressentirá da falta de admiradores fiéis.
Os números falam por si, mas ainda há algo que o Centro Cultural pode oferecer. No prefácio que escreveu para o livro “Felizes os convidados”, de Caio Junqueira Maciel, Adolfo Maurício fala “da arte de bem receber”, mania que os mineiros cultivamos. Ainda em fase de organização, no entanto o Centro já abre suas portas com a simplicidade de quem convida para uma boa prosa, regada a café (ou cerveja?) e cordialidade.
Então fica assim: parabéns ao Adolfo Maurício, pela iniciativa e desprendimento, e vida longa e animada ao Centro Cultural.