07/02/2023 17h50
Boulos diz que Campos Neto é 'infiltrado' de Bolsonaro e faz 'boicote' à economia
LÃder do PSOL na Câmara, Guilherme Boulos (SP) afirmou nesta terça-feira, 7, que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, é um "infiltrado" do ex-presidente Jair Bolsonaro que faz "boicote" à economia com a manutenção da taxa básica de juros do PaÃs, a Selic, em 13,75% ao ano.
A bancada do partido, que apoia o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, deve apresentar um requerimento de convite para Campos Neto explicar na Câmara a polÃtica de juros adotada pelo BC. O PSOL também vai protocolar um projeto de lei para revogar a autonomia da instituição, aprovada pelo Congresso em 2021.
"O Campos Neto é um infiltrado no governo Lula, um infiltrado do ex-ministro da Economia Paulo Guedes, um infiltrado do Bolsonaro. É um cara que não deixa a taxa de juros baixar. Tem um interesse, na minha opinião, de boicote à economia, à geração de empregos, à retomada do crescimento econômico", disse Boulos, no Salão Verde da Câmara. "Não dá para você ter o povo escolhendo na urna um caminho e a polÃtica monetária ouvindo o mercado, não refletindo esse mesmo caminho. Isso é uma contradição e um problema desse modelo de autonomia do Banco Central", emendou o deputado.
A lei da autonomia do BC impede que Campos Neto seja convocado por parlamentares, o que levou à escolha do PSOL por requerimento de convite. No caso de ministros de Estado, os deputados costumam iniciar a pressão por meio de requerimentos de convocação.
Gleisi também critica BC
Mais cedo, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, endossou crÃticas de Lula à atuação do BC. A petista afirmou que o comunicado do Comitê de PolÃtica Monetária (Copom) está "muito mais crÃtico" ao governo atual do que ao do ex-presidente Jair Bolsonaro.
"A nota divulgada pelo Bacen está muito mais crÃtica ao governo do que acontecia no ano passado, quando o Banco Central não deu um pio sobre as façanhas orçamentárias de Bolsonaro para se reeleger. Aliás, o 'mercado' também aquiesceu", escreveu Gleisi no Twitter.
A deputada fez referência a medidas que o governo anterior conseguiu aprovar no Congresso à s vésperas da eleição, como o limite de 17% para o ICMS sobre combustÃveis e a ampliação temporária do valor do Bolsa FamÃlia, chamado então de AuxÃlio Brasil, de R$ 400 para R$ 600. No ano passado, contudo, o BC fez diversos alertas sobre os riscos fiscais.
A declaração de Gleisi ocorre mesmo após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dizer nesta manhã que ata do Copom, divulgada nesta terça, "veio melhor" e "mais amigável" que o comunicado da semana passada, após a decisão de manter a taxa básica de juros do PaÃs, a Selic, em 13,75% ao ano.
Na segunda-feira, ao sair de uma reunião com lideranças partidárias da Câmara, Haddad havia dito que o comunicado do Copom poderia ter sido mais "generoso" com as medidas de ajuste fiscal anunciadas pela equipe econômica.
Lula, por sua vez, vem fazendo crÃticas ao BC e a seu presidente, Roberto Campos Neto, há semanas. Durante a posse de Aloizio Mercadante no comando Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), na segunda, o presidente da República disse que o nÃvel atual da Selic é "uma vergonha" e "não tem explicação".
Fonte: Estadão Conteúdo