16/03/2023 17h00
Europa: medo de contágio testa força dos bancos
A queda acentuada recente nas ações do Credit Suisse está colocando as regulações bancárias da Europa à prova. Os problemas no banco suÃço levaram funcionários do Banco Central Europeu (BCE) a ligar para as instituições que supervisionam para perguntar sobre sua exposição ao Credit Suisse, segundo fontes.
Depois que as ações do Credit Suisse desabaram mais de 30% ontem, os temores dos investidores sobre contágio levaram a uma derrocada no mercado que eliminou quase US$ 75 bilhões no valor das ações de bancos europeus, de acordo com uma análise da Dow Jones Market Data.
Investidores estão preocupados com o fato de os bancos europeus serem intimamente interligados, disse o diretor de investimentos do Bank Syz, Charles-Henry Monchau. Isso amplia o risco de que o colapso de uma instituição possa derrubar outras. "Sempre há alguns efeitos cascata", afirmou Monchau. "Vimos crises financeiras no passado. Começa com um player mais fraco afetando um player grande, e um player grande afetando todos os outros. Acho que essa é uma das razões pelas quais o mercado está em pânico."
Bancos são obrigados a ter ativos lÃquidos suficientes para cobrir 100% das necessidades de caixa estimadas por um mês durante uma crise - como uma onda de clientes repentinamente sacando seus depósitos. Só assim os bancos atendem o padrão legal de ter o chamado Ãndice de cobertura de liquidez (LCR, da sigla em inglês) de pelo menos 100%.
Os Ãndices de cobertura de liquidez dos bancos da Europa também são muito mais que os americanos, segundo a Autonomous Research. O grupo analisou os dados do terceiro e quarto trimestres de 11 grandes bancos americanos - entre eles JPMorgan Chase, Bank of America e Citigroup - e 33 bancos europeus, incluindo HSBC, Barclays e UBS. Os bancos da Europa tiveram um Ãndice médio de 165%, enquanto o grupo dos EUA teve um Ãndice médio de 118%, disse a Autonomous em nota esta semana.
Além disso, alguns bancos regionais dos EUA estão protegidos da regra de liquidez, devido a uma mudança de 2018 pelos reguladores implementada pelo Federal Reserve que se aplica a credores com ativos abaixo de US$ 250 bilhões. O Silicon Valley Bank (SVB) foi um deles.
Enquanto isso, os bancos europeus possuem menos tÃtulos do que os bancos dos EUA e, portanto, não são tão vulneráveis à s oscilações das taxas de juros, disse a Moody's. Um aumento historicamente acentuado nas taxas de juros - adotado pelo Fed e por outros bancos centrais para domar a inflação - desvalorizou tÃtulos no ano passado, um fator que desencadeou preocupações dos investidores sobre o valor dos ativos do SVB.
Fonte: Estadão Conteúdo