15/03/2023 08h10
Inflação anual Argentina de 102,5% é a maior em 31 anos
A inflação na Argentina avançou 6,6% em fevereiro, informou ontem o Instituto Nacional de EstatÃstica e Censos (Indec). O resultado representou uma aceleração em relação a janeiro, quando o Ãndice já havia crescido 6%. Na comparação anual, a inflação ao consumidor no paÃs vizinho chegou a 102,5% nos 12 meses até fevereiro - também acima da variação de 98,8% até janeiro. O Ãndice anual superou os três dÃgitos pela primeira vez desde outubro de 1991.
Nos dois primeiros meses de 2023, a alta dos preços ao consumidor atingiu 13,1%. O nÃvel geral de preços no varejo deverá ter um aumento de 100% neste ano, segundo a mais recente pesquisa de expectativas divulgada pelo Banco Central argentino, com base em relatórios dos maiores bancos e consultorias econômicas privadas do paÃs.
O governo do presidente Alberto Fernández havia estimado no Orçamento nacional para 2023 uma taxa anual bem menor, de 60%. "Os itens com maior incidência geral foram alimentos e bebidas não alcoólicas (+9,8%), principalmente devido à incidência que representa em carnes e laticÃnios", segundo o relatório do Indec.
"A meta de inflação do governo em torno de 60% na comparação anual para dezembro parece cada vez mais inatingÃvel", afirmou a consultoria Ecolatina em relatório. Segundo o documento, a inércia inflacionária parece "difÃcil de desarmar no curto prazo".
E isso se deve a uma série de fatores, entre eles, o impacto da seca sofrida pela Argentina sobre o preço de alimentos, os aumentos pendentes nas tarifas do serviço público e a dinâmica de recomposições salariais em um ano de eleições presidenciais (em outubro), em que a economia terá um peso fundamental na decisão dos eleitores.
As pressões inflacionárias também são alimentadas pelas restrições à s importações, pelo aumento dos preços das diferentes taxas de câmbio que coexistem na Argentina e pelos desequilÃbrios que arrastam as contas públicas e o Banco Central para financiar o Tesouro.
Inflação reprimida
Segundo Eugenio MarÃ, economista-chefe da fundação Libertad y Progreso, os preços ao consumidor na Argentina deverão subir 110% neste ano, com "um componente muito importante de inflação reprimida". "Nos últimos três anos, acumularam-se atrasos nas tarifas de luz, gás e água, nos transportes, saúde e outros itens com preços administrados", explicou Marà à agência EFE.
Soma-se a isso o desequilÃbrio cambial e monetário que, segundo o especialista, "torna imprescindÃvel que, caso a inflação comece a cair, se avance pelo menos para o equilÃbrio fiscal consolidado e se dê real independência ao Banco Central". (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão Conteúdo