06/02/2023 14h40
Lula volta a atacar política monetária conduzida pelo BC e critica juros altos
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a atacar a polÃtica monetária conduzida pelo Banco Central (BC), e a independência da autoridade monetária, em discurso encerrado nesta segunda-feira, 6, no Rio. Segundo Lula, não "tem explicação" para a taxa básica de juros (a Selic, hoje em 13,75% ao ano) estar em "13,5%" (sic).
"O problema não é de banco independente", afirmou Lula, em discurso na cerimônia de posse do novo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante. "O problema é que este PaÃs tem uma cultura de juro alto", completou o presidente, que tratou da polÃtica monetária em dois momentos do discurso.
Lula citou especificamente a "carta" do Comitê de PolÃtica Monetária (Copom) do BC, numa referência ao comunicado da decisão da semana passada sobre a manutenção da Selic em 13,75% ao ano, para sustentar que não haveria motivos para os juros básicos estarem nos nÃveis atuais.
"É só ver a carta (sic) do Copom para ver que é uma vergonha esse aumento (sic) de juros", afirmou Lula, que ironizou os efeitos negativos de suas crÃticas à polÃtica monetária e à independência do BC sobre as cotações dos ativos do mercado de capitais. "Se eu, que fui eleito, não posso falar, quem pode? O catador de materiais recicláveis?", questionou o presidente.
Lula criticou a substituição da Taxa de Juros de Longo Prazo (TLP), taxa que balizava os financiamentos do BNDES desde 1994, e era fixada pelo governo federal, quase sempre abaixo do nÃvel dos juros básicos. Desde 2018, foi substituÃda pela TLP, que segue as taxas de mercado.
"Por que acabaram com a TLP?", questionou Lula, ao defender uma atuação mais forte do BNDES no financiamento de longo prazo e às empresas de menor porte.
Lula também exortou o empresariado a criticar o elevado nÃvel dos juros, dirigindo-se ao presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, presente na plateia da cerimônia de posse de Mercadante. E sugeriu que, com o BC independente, há menos crÃticas atualmente.
"A classe empresarial precisa aprender a reclamar dos juros altos. Quando o BC era dependente de mim, todo mundo reclamava de juros altos", afirmou Lula.
No discurso, Lula ainda criticou a austeridade fiscal. E criticou o fato de o salário mÃnimo estar sem reajuste real "há sete anos". Para o presidente, seria um "dever" o governo dar reajustes anuais no mÃnimo, e não apenas pela inflação.
"Se temos uma dÃvida fiscal de 30 ou 40 anos, temos uma dÃvida social de 100 anos, 200 anos. Uma dÃvida social impagável", afirmou Lula.
Fonte: Estadão Conteúdo