24/02/2017 14h30
'Não misturo política com o melhor interesse da empresa', diz presidente da Vale
O presidente da Vale, Murilo Ferreira, procurou dissociar sua atuação na Vale de interferências polÃticas de qualquer natureza ao comentar sua saÃda da companhia, a partir de maio, quando termina seu atual mandato. O anúncio foi feito nesta sexta-feira, 24, em fato relevante. Ferreira afirmou que ele não se pode dirigir uma empresa a partir de um viés polÃtico ou partidário.
"Não misturo polÃtica com o melhor interesse da empresa. Desafio qualquer um a encontrar uma decisão minha submetida ao conselho (de administração) em favor de grupo polÃtico", afirmou a jornalistas.
NotÃcias publicadas nos últimos dias dando conta de que ele estava fazendo incursões no meio polÃtico para preservar seu mandato aceleraram uma decisão sobre o cargo, disse o executivo.
Questionado sobre o grau de interferência polÃtica na Vale, Ferreira disse que quando foi indicado para o comando da empresa, no governo Dilma Rousseff, a versão da imprensa era que ele tinha a missão de implantar siderúrgicas, porque a Vale deveria ser verticalizada.
A recusa de seu antecessor, Roger Agnelli, de levar a frente esses projetos, contrariando o interesse do governo à época, teria levado a sua queda. Segundo Ferreira, o fato de nenhum projeto siderúrgico com a participação da Vale ter saÃdo do papel durante seu mandato prova o contrário.
"É demonstração clara que nós preservamos o melhor interesse da empresa. O melhor interesse da Vale era não verticalizar", disse.
De acordo com o presidente da Vale, receber pressões de agências e polÃticos faz parte do dia a dia de uma companhia, principalmente uma concessionária de mineração e logÃstica, como a Vale. "A capacidade de absorver (as pressões) é parte do dia a dia profissional", afirmou.
Segundo ele, a Vale nunca teve relações polÃticas tão positivas quanto hoje. Ele mencionou os governadores do Pará, Simão Jatene (PSDB), do Maranhão, Flavio Dino (PCdoB), EspÃrito Santo, Paulo Hartung (PMDB), e Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), onde a mineradora tem suas principais operações. Recentes notÃcias dão conta de que o PMDB e o PSDB de Minas, onde a Vale é uma potência, têm pressionado o governo Michel Temer reivindicando a indicação para o comando da Vale.
O presidente da Vale afirmou que a profusão de notÃcias nos últimos dias envolvendo a sua permanência na companhia precipitou uma definição sobre seu contrato. O executivo, que deixará a Vale em maio após seis anos, negou que tenha feito campanha junto a polÃticos para permanecer no cargo.
"Resolvi acelerar a definição desse assunto quando saiu uma notÃcia de que eu estava fazendo incursões no meio polÃtico para preservar o meu mandato. Posso garantir que nunca fiz incursões no meio polÃtico para obter o meu mandato", afirmou Ferreira em teleconferência com jornalistas.
De acordo com o executivo, a não renovação de seu contrato foi definida na noite de quinta. O executivo, entretanto, não detalhou esse processo, nem quis nomear os participantes de uma reunião realizada às 9 horas desta sexta na Vale para, segundo ele, "fazer o alinhamento" da decisão tomada na véspera.
Na segunda-feira, ao comentar a conclusão dos novos termos do acordo de acionistas da companhia, Ferreira disse que ainda não tinha discutido com a empresa a renovação de seu contrato, porque estava focado em ajudar a fechar o novo acordo. "Sou uma pessoa muito focada em fazer uma coisa de cada vez e senti que o assunto (do mandato) havia sido precipitado. Não pensava em levá-lo a consideração agora, mas esquentou de tal forma, merecendo até coluna de jornal, que achei que deveria acelerar", disse.
Fonte: Estadão Conteúdo