03/03/2017 07h33
Safra recorde está indo 'para o ralo', diz Maggi
Bastou chover um pouco mais que o esperado e parte da supersafra brasileira de soja corre o risco de "micar" no PaÃs sem conseguir chegar aos portos. Ela está encalhada nos 100 km não asfaltados da BR-163, a rodovia que é hoje a principal ligação entre uma grande zona produtora do grão, no Mato Grosso, e os portos do Norte do PaÃs.
"Dinheiro que estava na mesa, de uma grande colheita, está indo para o ralo, nos buracos das estradas" lamentou o ministro da Agricultura, Blairo Maggi. "Dá pena de ver."
Ele informou que 11 navios que estavam no porto de Belém esperando carga de soja já foram desviados para portos do Sul do PaÃs. Os produtores tiveram prejuÃzo de US$ 6 milhões só com a "demourage", a taxa paga pela permanência das embarcações. A carga desviada, por sua vez, poderá sobrecarregar portos como Santos (SP) e Paranaguá (PR).
No total, o setor estima que o prejuÃzo nessa safra será de R$ 350 milhões, segundo informou o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Carlo Lovatelli. "Estamos queimando notas de cem dólares, uma atrás da outra", afirmou o executivo.
Segundo Maggi, o produtor que vende a soja precisa entregá-la no prazo, no local definido pelo comprador. Diante do atraso no escoamento da produção local, a alternativa é, muitas vezes, adquirir soja de outros paÃses produtores, como Estados Unidos e Argentina, para honrar o contrato.
"E aquela soja brasileira que iria para esse comprador fica micada aqui", explicou o ministro, um dos maiores produtores de soja do PaÃs.
Maggi e o ministro dos Transportes, MaurÃcio Quintella, se reuniram nesta quinta-feira, 22, com representantes dos produtores para discutir a situação na BR-163. Eles acertaram um esquema pelo qual será reduzido o envio de caminhões para a rodovia, de forma que será possÃvel manter as condições de tráfego.
A estrada será aberta para a passagem de caminhões por perÃodos. Depois, o trânsito será interrompido para que as máquinas do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) possam aplainar novamente a pista. E assim sucessivamente, num esquema "stop and go".
Fila
Nesta quinta, 1,2 mil caminhões, numa fila de 40 km, aguardavam autorização para seguir viagem pela rodovia no sentido norte. A pista já havia sido aberta para automóveis de passeio e caminhões com carga perecÃvel. A expectativa era permitir o trânsito de caminhões pesados nesta quinta mesmo. Com isso, a fila poderá acabar em cerca de dois dias, se o clima colaborar.
A pista no sentido sul já está aberta e não há mais filas. Mas, para chegar a essa situação, foi necessário buscar ajuda do Exército para desfazer a aglomeração de veÃculos na via e permitir a passagem das máquinas do Dnit. Até o carnaval, a via estava bloqueada e a fila chegava a 700 km.
Para socorrer os caminhoneiros e famÃlias que estão há dias parados nas estradas, e também as comunidades isoladas, o Exército vai distribuir 3.000 cestas básicas e água. O primeiro carregamento chegou nesta quinta ao local.
"A prioridade do governo é garantir o escoamento pelo Arco Norte", disse Quintella, referindo-se aos portos no Norte do PaÃs. Ele lamentou o "gargalo" na BR-163 e informou que o asfaltamento dos 100 km que estão faltando já está totalmente contratado. A expectativa é que sejam asfaltados 60 km este ano e outros 40 km no ano que vem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão Conteúdo