30/03/2023 14h40
Sem esforço global mais eficiente, progresso da humanidade vai regredir, diz Banco Mundial
O presidente do Banco Mundial, David Malpass, afirmou nesta quinta-feira, 30, que os custos com mudanças climáticas, conflitos e pandemia vão fazer o progresso da humanidade regredir, a não ser que os esforços globais se tornem mais eficientes. Malpass defende que, por isso, os mecanismos internacionais de financiamento ao fornecimento de bens públicos globais devem ser fortalecidos.
Malpass contextualizou que a covid-19 e a guerra da Rússia à Ucrânia aumentaram o protecionismo e preços de commodities e de alimentos no mundo, além da acumulação de estoque - tendências que, caso se mantenham, "vão atingir severamente o comércio internacional e seus benefÃcios".
"A desaceleração do comércio vai criar ventos contrários para a economia global, especialmente para os paÃses mais pobres", alertou o dirigente, que discursou nesta quinta na University de Niamey, na Nigéria.
O Banco Mundial estima que paÃses em desenvolvimento precisarão de US$ 2,4 trilhões anualmente, pelos próximos 7 anos, só para lidar com os desafios relacionados a mitigação e adaptação climáticas, conflitos e pandemias, disse Malpass.
Perspectivas de crises domésticas
O presidente do Banco Mundial afirmou que paÃses em desenvolvimento estão encarando a perspectiva de enfrentar grandes crises domésticas, com aumento da fome e da pobreza, desaceleração da economia e crescimento a nÃvel insustentável da dÃvida pública em meio à alta das taxas de juros.
Malpass disse que mais da metade dos paÃses pobres tem ou está em risco de ter sobreendividamento.
A autoridade alertou que os governos devem se planejar para estresse financeiro contÃnuo. "Inflação e taxas de juros mais altos em economias avançadas levam à escassez de capital em paÃses em desenvolvimento, causando depreciação da moeda e taxas de juros maiores, aumentando assim o peso da dÃvida", discursou.
Malpass contextualizou que paÃses tiveram grandes déficits orçamentários e viram aumentos significativos na dÃvida pública em resposta à pandemia. Muitas nações em desenvolvimento, falou, contraÃram dÃvidas de credores não tradicionais, com contratos sem transparência.
Investimento é prioridade
PolÃticas sólidas de promoção ao investimento privado devem sempre permanecer como prioridade máxima, afirmou David Malpass. "Sem elas, não haveria nenhum crescimento econômico", defendeu.
Malpass disse também que a polÃtica monetária tem papel em apoiar os investimentos privados, principalmente ao promover inflação baixa e estável a médio prazo. "Isso deve estar ancorado em uma polÃtica fiscal que não dependa da monetização dos déficits governamentais", afirmou.
Ele falou ainda que a adoção de disciplina fiscal de longo prazo nas finanças dos governo é vital para atrair capital privado.
Fonte: Estadão Conteúdo