27/03/2023 05h40
UBS do tamanho do PIB do Brasil preocupa mercado
A SuÃça, um dos paÃses mais dependentes do sistema financeiro, terá agora apenas um banco global após a compra à s pressas do Credit Suisse, a segunda maior instituição financeira doméstica, pelo arquirrival UBS. Se já era o principal banco suÃço, após a ação de resgate ficará ainda maior, com cerca de US$ 1,75 trilhão em ativos - do tamanho do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, e uma instituição com risco sistêmico ainda mais alto. Considerando o dinheiro que administra dos ultrarricos ao redor do globo, a cifra sobe para US$ 5 trilhões.
Se nos Estados Unidos a atual turbulência bancária reacendeu os medos de 2008, do outro lado do Atlântico a história mudou. Na crise anterior, foi o UBS que precisou ser socorrido com dinheiro do governo suÃço, enquanto o Credit enfrentou relativamente bem o tsunami dos mercados. De lá para cá, o banco reduziu seu tamanho à metade. Em 2008, seus ativos somavam US$ 1,3 trilhão. Seu rival também era maior, com US$ 2,2 trilhões.
A última crise foi a gota dágua e fez as autoridades suÃças agirem para evitar que as incertezas se espalhassem pelo sistema, que por anos foi visto como o mais seguro do mundo. A questão da concorrência, sempre levada em consideração em transações de fusões e aquisições, em especial quando envolve bancos, foi deixada em segundo plano. No lugar, os reguladores suÃços ofereceram uma linha de liquidez de mais de US$ 100 bilhões, outros US$ 9 bilhões para determinadas situações e mais tempo para o UBS ajustar o capital.
DÚVIDAS DO NEGÓCIO. Rápida e complexa, a venda ao UBS foi fechada à s pressas no último fim de semana, em um negócio ainda cercado de muitas dúvidas. Nas principais cidades suÃças, há agências dos dois bancos em quase todos os quarteirões, o que indica muita sobreposição de negócios e demissões em massa. Em Nova York e em Londres, o Credit tem milhares de funcionários em seu banco de investimento - negócio que será reduzido nas mãos do UBS.
Na SuÃça, o setor bancário emprega 5% da força de trabalho, e o total de ativos do sistema somava US$ 3,83 trilhões ao fim de 2022, nada menos do que 448% do PIB do paÃs. Só a combinação do UBS e do Credit responde por mais de 200% do PIB suÃço, um alerta para a forte concentração que marcará agora o sistema bancário local. "Vemos muito risco de concentração e também de controle de participação do mercado", escreveram os analistas do JPMorgan.
A agência de classificação de risco Moodys também alertou para o maior risco bancário na SuÃça. O tamanho do banco resultante significa que o sistema enfrenta riscos de concentração ainda maiores, o que levou a agência a aumentar a avaliação do risco do setor bancário do paÃs. Só os depósitos dos dois bancos respondem por quase metade (45%) do PIB suÃço, um número elevado mesmo para paÃses desenvolvidos.
"Um fato contundente permanece quando você se afasta de todos os detalhes do acordo do Credit Suisse e UBS. O segundo maior banco da SuÃça - um banco que abriu suas portas para negócios em 1856 e foi um dos 30 bancos sistemicamente importantes em todo o mundo - não existirá mais como autônomo", avaliou o economista e principal conselheiro econômico da Allianz, Mohamed El-Erian, na esteira do anúncio.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão Conteúdo