18/01/2018 19h20
Ausência de Del Nero na Fifa pode ser decisiva para banimento, alertam dirigentes
Nesta sexta-feira, o presidente afastado da CBF, Marco Polo del Nero, será interrogado pelos investigadores da Fifa, enquanto seus advogados admitem que o processo é uma "total incógnita". Sem poder viajar à SuÃça sob o risco de ser preso, o interrogatório ocorrerá por videoconferência e será fundamental para determinar o destino do dirigente.
Falando sob a condição de anonimato, um membro do alto escalão da Fifa admite que a ausência do brasileiro em Zurique pesará, já que ficará claro que ele tem sérios problemas com a Justiça. Marco Polo Del Nero estará no Rio de Janeiro durante o questionamento.
No final de 2017, a Fifa o afastou do futebol por suspeitas de corrupção e, até abril, o irá julgar. Por considerar que é inocente, Marco Polo Del Nero tem declarado internamente que vai provar que não existem indÃcios contra ele e que o exame seria a oportunidade para que o caso seja esclarecido diante da Fifa.
Mas aliados do brasileiro também insistem que as acusações fazem parte de um jogo polÃtico na Fifa e que, portanto, o processo estaria "viciado" e repleto de irregularidades. O temor de seus parceiros é de que uma decisão de afastar Marco Polo Del Nero já tenha sido tomada na Fifa, que quer se desfazer de qualquer tipo de suspeitas à s vésperas da Copa do Mundo na Rússia. O brasileiro, porém, é o último cartola da onda de prisões e acusações de corrupção que estaria em uma posição de poder.
O Comitê de Ética da entidade já recebeu a defesa por escrito do brasileiro na última segunda-feira. Agora irá questionar os advogados e o próprio Marco Polo Del Nero.
Em Nova York, nos Estados Unidos, ele é acusado de corrupção na CBF e de ter recebido US$ 6,5 milhões em propinas. A defesa do brasileiro, porém, insiste que não existem provas materiais de que ele tenha recebido esse dinheiro. A posição dos advogados é de que todo o processo está baseado apenas em denúncias de testemunhas.
A defesa também vai insistir que a situação não é similar a de José Maria Marin, ex-presidente da CBF e condenado nos Estados Unidos pelos mesmos crimes de Marco Polo Del Nero. No caso de Marin, as provas existiriam.
Outro argumento que será utilizado é o da interferência externa no caso. De acordo com os advogados, a Fifa não produziu um só documento contra Marco Polo Del Nero em mais de dois anos de investigações. Para o afastar, a entidade usou de forma integral a acusação dos promotores de Nova York. Isso, na visão da defesa, seria uma irregularidade e demonstraria um processo "viciado".
Fonte: Estadão Conteúdo