23/02/2017 10h06
Autuori comemora vaga do Atlético-PR, mas desabafa contra racismo no Paraguai
Após um surpreendente empate por 3 a 3 no jogo de ida do mata-mata, em Curitiba, o Atlético-PR cumpriu a sua missão ao vencer o Deportivo Capiatá por 1 a 0, na noite desta quarta-feira, no Paraguai, onde assegurou classificação à fase de grupos da Copa Libertadores. Após o duelo, o técnico Paulo Autuori exaltou a importância da vaga e a competência do seu time para segurar a pressão da equipe da casa, assim como ao mesmo tempo desabafou contra atos racistas de torcedores locais contra os jogadores atleticanos.
"Era importante ser eficiente e eficaz. Acho que fomos as duas coisas", elogiou o comandante, em entrevista coletiva, na qual depois enfatizou: "Era importante passar. SabÃamos que irÃamos sofrer aqui. TÃnhamos que ter capacidade de sofrimento".
A noite, porém, não foi apenas de festa para o Atlético-PR, que viu vários de seus jogadores serem vÃtimas de racismo, entre eles o meia Carlos Alberto, que precisou ser contido pelo atacante Grafite quando se irritou com torcedores que o chamavam de "macaco" e foi tentar tirar satisfação com os mesmos.
Ao comentar os episódios racistas ocorridos no estádio Erico Galeano Segovia, em Capiatá, cidade da Grande Assunção, Autuori reclamou que em solo sul-americano a Conmebol segue sem punir atos de racismo e lembrou que punições contra este tipo de prática são frequentes no futebol europeu.
"A América do Sul me parece, à s vezes, uma República das Bananas, onde tudo pode acontecer. Na Europa, já estamos vendo punições claras em situações de racismo. O Nikão, na saÃda, foi chamado de macaco, e ninguém faz nada. Toda hora estão jogando garrafas em cima dele, e o quarto árbitro nada. É a República das Bananas a América do Sul, não tenho dúvida. Lá (na Europa) eles agem", reclamou o técnico.
Com a vitória desta quarta, o Atlético-PR ingressou no Grupo 4 da Libertadores, no qual irá estrear no próximo dia 7 de março, contra a Universidad Católica, do Chile, à s 21 horas, em Curitiba. O duelo será válido pelo Grupo 4, que ainda conta com o San Lorenzo, da Argentina, e o Flamengo, mas o treinador exibiu alÃvio com o maior perÃodo de treinos que terá agora para preparar a equipe para este próximo estágio da competição continental.
"Em três semanas eles (jogadores) fizeram quatro jogos decisivos, eliminatórios. Agora, teremos tempo, 15 dias para trabalhar", disse Autuori, que também exaltou o peso de Lucho González para a equipe, após o meio-campista ter sido o autor do gol da vitória nesta quarta. "Para nós, é importante ter um jogador que coloque tudo dentro de campo. Isto agrega muito e não podemos abrir mão disso. É um jogador que tem se superado, com pouco tempo de trabalho", reforçou.
Um dos lÃderes do atual elenco atleticano, o zagueiro Paulo André também exaltou o espÃrito de luta da sua equipe no Paraguai. "SabÃamos que seria difÃcil. Tivemos espÃrito de sacrifÃcio e superação. Não precisávamos sofrer tanto, mas felizmente saÃmos com a vitória", comemorou.
Fonte: Estadão Conteúdo