11/12/2018 14h10
COB indica o técnico de judô Geraldo Bernardes para receber o Troféu COI
O treinador de judô Geraldo Bernardes foi indicado pelo Comitê OlÃmpico Brasileiro (COB) para receber o Troféu COI (Comitê OlÃmpico Internacional) em 2018. A homenagem será no próximo dia 18, durante a cerimônia do Prêmio Brasil OlÃmpico, no Rio.
Geraldo Bernardes é recifense, tem 76 anos e foi mentor dos campeões olÃmpicos Aurélio Miguel, Rogério Sampaio e Rafaela Silva e dos medalhistas Henrique Guimarães, Carlos Honorato, Tiago Camilo e Flávio Canto.
"É uma alegria muito grande receber essa homenagem. Muito mais do que as conquistas esportivas, nosso objetivo é formar cidadãos, verdadeiros campeões da vida. E, por isso, focamos sempre no binômio esporte e educação", disse Geraldo. "Os Jogos do Rio-2016 foram a maior emoção da minha vida, pois pude ver de perto a Rafaela Silva, a quem ensinei os primeiros movimentos no esporte, conquistar o ouro olÃmpico", completou o treinador.
Geraldo começou a praticar o judô aos 15 anos, escondido dos pais, em uma época em que, no Brasil, treinar esportes de combate era considerado algo violento. Evoluiu no esporte até chegar à faixa preta, tanto em judô quanto em jiu-jÃtsu.
Foi professor da equipe de judô da Universidade Gama Filho, uma das mais premiadas do paÃs, e, em 1979, foi convidado para treinar a seleção brasileira pela primeira vez. No primeiro Mundial em que comandou a seleção, veio a primeira medalha de um não-descendente de japoneses, o bronze de Walter Carmona.
Em Jogos OlÃmpicos, a primeira atuação ao lado dos tatames foi em Seul, em 1988, competição em que Aurélio Miguel se consagrou como o primeiro medalhista de ouro do judô brasileiro.
Após a OlimpÃada de Sydney-2000, Geraldo superou um problema cardÃaco com quatro pontes de safena e duas de mamária e fundou o Judô Comunitário Geraldo Bernardes Body Planet, numa academia próxima à Cidade de Deus, uma das comunidades mais conhecidas do Rio.
"Ouvi pessoas dizendo que eu estava por baixo, com os 'pobrinhos'. Mas sempre acreditei nos atletas que vêm de comunidades. Esporte de alto rendimento é sacrifÃcio. E eles estão acostumados a dar tudo de si", afirmou.
Foi quando Flávio Canto, medalhista de bronze nos Jogos de Atenas-2004, convidou seu mestre para que o projeto de Geraldo se juntasse ao Instituto Reação, formando o Judô Comunitário Instituto Reação. Hoje, o projeto tem cinco polos e cerca de 1.250 alunos.
"Entre colocar o pijama ou ajeitar o quimono e recomeçar, escolhi a segunda opção. Conquistas esportivas são como páginas viradas, glórias passageiras. Fiz uma boa carreira como atleta e, como técnico, ajudei na conquista de seis medalhas olÃmpicas, mas tudo ficou pequeno diante do que faço hoje, que é transformar pessoas como Rafaela Silva, que tinha poucas perspectivas, em campeãs no esporte e na vida", disse Geraldo Bernardes.
Fonte: Estadão Conteúdo