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Esportes
09/12/2015 12h24

COI admite preocupação com crise econômica no Brasil e cobra Rio-2016

Os organizadores dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro negociam um corte nos gastos do evento. Nesta quarta-feira, em Lausanne, o presidente do Comitê Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman, apresentou ao COI (Comitê Olímpico Internacional) os avanços nas obras do Parque Olímpico e destacou o fato de que os atrasos que chegaram a ser criticados publicamente pelo Rio foram superados. Hoje, salvo algumas das obras, a maioria delas está em dia.

Mas ele foi cobrado por um desafio ainda maior: a instabilidade financeira e política pela qual passa o País. Vivendo a pior crise econômica no Brasil em décadas, com presidentes de empresas de construção na prisão e um governo enfrentando um processo de impeachment, o Comitê Rio-2016 foi questionado sobre como o novo cenário no País pode impactar o evento símbolo do COI.

"Precisamos ajustar tudo e isso é normal", disse Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Rio-2016. Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, também participou da reunião, por videoconferência. Em sua intervenção, ele teria esclarecido a situação econômica.

Questionado se a crise foi discutida na reunião, Nuzman desconversou. "Tentamos explicar a situação. O importante é que teremos grandes Jogos Olímpicos e estamos explicando o que estamos fazendo", declarou o dirigente. "Nada vai afetar os atletas e a organização dos Jogos. Estamos trabalhando por sete anos", insistiu.

Nuzman garante que o dinheiro público vai ser disponibilizado. Mas o percurso final na preparação do Rio vai coincidir com um acirramento decisivo na definição do processo de impeachment e o temor dos dirigentes estrangeiros é de que o governo abandone os Jogos da lista de suas prioridades. Em termos econômicos, o medo é de que a situação do país impeça a entrada de recursos.

"Quando demos os Jogos ao Brasil em 2009, parte da motivação foi a situação de expansão econômica e o envolvimento direto do ex-presidente Lula", contou um alto funcionário do COI à reportagem do Estado de S. Paulo. "Hoje, o País está em recessão e o evento não está mais no radar das autoridades, que tentam sobreviver no cargo", disse.

Os organizadores também terão de negociar um ajuste nas contas do evento. O Rio-2016 deixou claro que não aceitará ultrapassar a marca de R$ 7,4 bilhões. Mas, quando recebeu todas as exigências e planos de cada uma das federações esportivas, parceiros comerciais e do COI, a constatação dos organizadores era de que a conta não fechava.

Agências de notícia como a Associated Press e a Bloomberg apontam que um corte de cerca de R$ 2 bilhões foi obrigado a ser implementado. Mas Mario de Andrada, diretor de Comunicações do Rio-2016, rejeita o valor citado. "A informação é incorreta. Simplesmente, incorreta. Existe um plano de economia. Mas não chega nem na metade deste valor", apontou.

"Temos um compromisso de realizar os jogos com recursos privados e portanto com um orçamento equilibrado. Estamos discutindo agora diferentes opções de economia", explicou.

Segundo apurou o Estado de S. Paulo, a cerimônia de abertura terá seu custo reduzido, assim como os investimentos nos eventos-teste serão controlados. Andrada ainda explicou à reportagem que, em cada apartamento dos atletas na Vila Olímpica, um dos dois monitores de televisões previsto será retirado.

Também não haverá condição para que cada um dos membros do COI, com mais de cem pessoas, tenham um carro com motorista à sua disposição. "Os dirigentes terão de compartilhar os carros", disse. Os restaurantes para os dirigentes também terão de ser compartilhados com os atletas e alguns dos privilégios serão reduzidos.

O Rio-2016 chegou a ensaiar uma recusa em pagar pelo ar condicionado na Vila Olímpica, mas acabou desistindo. O que o COI quer saber é se estes cortes afetarão ou não as competições e as condições de preparação e alojamento dos atletas.

Andrada aponta que o controle de gastos é algo que está em linha com a estratégia do COI, chamada de Agenda 2020, de dar uma nova dimensão mais sustentável para os Jogos. Mas se teoricamente a redução de gastos é aplaudida, cada item retirado da planilha precisa ser negociado com o COI e federações esportivas.

Fonte: Estadão Conteúdo
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