12/11/2016 12h10
Com prejuízo, Ecclestone diz que não apostaria na permanência da F-1 no Brasil
Com prejuÃzos no GP do Brasil, como revelou o Estado de S. Paulo neste sábado, o chefão da Fórmula 1, Bernie Ecclestone, mantém o suspense sobre a permanência da corrida no calendário de 2017. E manda um recado para os organizadores da prova quanto à manutenção do GP no próximo Mundial: "Eu não apostaria o meu dinheiro nisso".
O promotor do GP do Brasil, Tamas Rohonyi, afirmara em entrevista exclusiva ao Estadão que a corrida daria prejuÃzo de US$ 30 milhões (cerca de R$ 98 milhões) na edição deste ano. A perda se deve principalmente à saÃda de patrocinadores de peso, como Petrobras, que até batizava o GP, e Shell. Rohonyi projeta novos prejuÃzos para os próximos anos, embora de menores proporções, entre US$ 3 milhões e US$ 5 milhões.
As cifras, no entanto, não causam preocupação imediata ao promotor da prova porque o prejuÃzo será coberto pela Formula One Management (FOM), empresa que administra a F-1. "O contrato que temos com ela é que, se não conseguirmos fechar as contas, a empresa paga. É o contrato que temos atualmente. Claro que isso incomoda a FOM, mas esta é uma decisão estratégica dela", explica Rohonyi.
Ecclestone, contudo, já se mostra incomodado com o prejuÃzo. Questionado sobre o futuro do GP do Brasil, o diretor-executivo da FOM adotou tom de ameaça. "Eu não apostaria o meu dinheiro nisso, eu poderia apostar o seu", disse ele à reportagem do site Motorsport.com.
Preocupado com a situação financeira do GP, Ecclestone visitou o presidente Michel Temer na quarta-feira, em BrasÃlia. Ele negou que tenha pedido ajuda para sustentar a corrida em Interlagos. "Não pedi nada a ele. Só queria conhecê-lo e ver o que ele pensa sobre vários assuntos", declarou.
"Ele pensa que a F-1 é boa para o Brasil, ou não? Provavelmente é boa para São Paulo. Se é boa para o resto do Brasil, quem sabe? Não faço ideia do que ele pode fazer como presidente. Este PaÃs vive uma situação muito polÃtica neste momento", disse Ecclestone, ao comentar o encontro com Temer que durou cerca de meia hora, no Palácio do Planalto.
Ecclestone disse estar preocupado com o prejuÃzo da corrida em Interlagos por causa dos gastos recentes do governo brasileiro com esportes, na OlimpÃada do Rio e na Copa do Mundo. Assim, a conta não poderia ser dividida com o governo, restando o prejuÃzo quase na totalidade para a FOM.
"Eles gastaram muito com a OlimpÃada e a Copa do Mundo. E aqui, em São Paulo, isso dói um pouco. O promotor tenta administrar a corrida, com lucro ou sem lucro, mas sem prejuÃzo. Então, no final das contas, as pessoas que perdem somos nós, porque eles não podem nos pagar", afirmou.
O chefão da F-1 também comentou a reforma que foi finalizada neste ano em Interlagos. A um custo de R$ 160 milhões, totalmente bancado pelo Ministério do Turismo, a reestruturação teve inÃcio em 2014 e foi encerrada somente no segundo semestre deste ano.
Ecclestone ficou satisfeito com as mudanças, porém alegou que houve atraso na entrega da reforma. "Deveria ter sido feita há quatro anos. Nosso contrato com eles definia que deveria ter sido feito antes", reclamou.
O atraso na reformulação do Autódromo de Interlagos quase deixou o GP do Brasil de fora da F-1. Foi somente depois de garantir a reforma que a organização da F-1 decidiu renovar o contrato da corrida até 2020.
Mas a polêmica sobre o futuro do Brasil na competição não acabou com a reforma. No fim de setembro, quando a organização da F-1 divulgou o calendário provisório, a etapa de São Paulo apareceu com o status de "sujeito à confirmação". A notÃcia surpreendeu os organizadores brasileiros, que haviam renovado o contrato com a FOM em abril de 2014.
Em entrevista ao Estadão, o promotor da corrida brasileira garantiu não haver qualquer risco de perder o espaço no calendário do campeonato. "O risco é zero", declarou. Ele terá que aguardar até o fim do mês para ter certeza sobre a permanência do GP no PaÃs. A confirmação do calendário será definida em reunião do Conselho Mundial de Automobilismo, em Viena, na Ãustria.
Fonte: Estadão Conteúdo