12/02/2016 13h54
Comitê de Ética da Fifa suspende Valcke do futebol por 12 anos
Ex-secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke foi suspenso por 12 anos pelo comitê de ética da entidade gestora do futebol mundial. O órgão informou nesta sexta-feira que Valcke foi condenado por cometer má conduta no uso de jatos particulares por ele próprio, destruição de provas e irregularidades na venda de direitos de televisão e de ingressos da Copa do Mundo.
"O senhor Valcke agiu contra os interesses da Fifa e causou considerável prejuÃzo financeiro para a Fifa, enquanto os seus interesses privados e pessoais prejudicaram a sua capacidade de desempenhar adequadamente suas funções", afirmou o Comitê de Ética da Fifa.
A pena imposta a Valcke é quatro anos maior do que as sanções de oito anos proferidas para o presidente da Fifa, Joseph Blatter, e o presidente da Uefa, Michel Platini, em dezembro, por conflito financeiro de interesse.
A suspensão ocorre um mês após o dirigente francês, de 55 anos, ser demitido pela Fifa. Ele havia sido suspenso em setembro passado. A demissão foi baseada em um relatório interno sobre sua conduta, incluindo o uso de despesas e jatos particulares.
A Fifa encomendou esse relatório após um empresário envolvido na venda de ingressos para a Copa do Mundo de 2014 acusar Valcke de montar um esquema para lucrar com a venda dessas entradas através do mercado negro, em escândalo revelado por dez jornais do mundo, incluindo O Estado de S. Paulo. O esquema teria ágio de mais de 200% nos valores das entradas, envolvendo mais de 2 milhões de euros (R$ 9 milhões) apenas para o bolso do dirigente.
A denúncia foi apresentada por Benny Alon, empresário que desde 1990 trabalha com a venda de entradas para as Copas, e provocou a suspensão de Valcke e a abertura de uma investigação pelo comitê de ética da entidade. Sua empresa, a JB Marketing, ainda apontou para o "desaparecimento" de 8,3 mil entradas para a competição, que teriam de ser vendidas por eles no torneio.
"Durante o decorrer das investigações, vários outros atos de potencial má conduta surgiram", disseram os juÃzes do Comitê de Ética da Fifa. "Ao viajar à s custas da Fifa puramente por motivos turÃsticos, bem como repetidamente escolher voos privados para suas viagens ao invés de voos comerciais sem qualquer lógica de negócios para fazê-lo, o senhor Valcke ganhou uma vantagem para si próprio e seus parentes", disse o comunicado.
Anteriormente, reportagem do jornal suÃço Tages Anzeige revelou que Valcke usou o jato privado da Fifa para viagens pessoais, levando inclusive seus filhos. Em 2012, o francês embarcou até Nova Délhi para uma reunião com a federação local. Mas aproveitou para dar um pulo também no Taj Mahal.
"Verificou-se que o senhor Valcke tentou conceder os direitos de TV e mÃdia para as Copas do Mundo de 2018 e 2022 a um terceiro por um valor muito abaixo do real de marcado e tinha ações preparatórias concretas em relação a isso", acrescenta o comitê. "O senhor Valcke deliberadamente tentou obstruir os processos em curso contra ele ao tentar eliminar ou excluir vários arquivos e pastas relevantes para a investigação".
Valcke ficou conhecido por ter sugerido que o Brasil levasse um "chute no traseiro" pelos atrasos na obras da Copa do Mundo de 2014. Ele assumiu o cargo de secretário-geral da Fifa, sendo o número 2 da entidade, em 2007.
Fonte: Estadão Conteúdo