04/11/2015 08h09
Em evolução, tênis de mesa brasileiro projeta até ganhar medalha na Olimpíada
Que o ouro será da China ninguém duvida, mas pelo menos a medalha de bronze dá para beliscar. Três anos depois da aposentadoria de Hugo Hoyama na seleção, o Brasil evoluiu no tênis de mesa a ponto de passar a sonhar em subir ao pódio nos Jogos OlÃmpicos do Rio, no ano que vem, na disputa masculina por equipes.
"Os adversários sabem que o Brasil tem uma equipe perigosa. A gente tem potencial de brigar por uma medalha. No papel, as outras equipes são superiores, mas a gente tem esse potencial", opina Gustavo Tsuboi, que em outubro conquistou um histórico quinto lugar na Copa do Mundo da modalidade.
Tsuboi avançar à s quartas de final da competição em Halmstad (Suécia), vencendo dois atletas Top25 do mundo, foi só um dos feitos recentes do tênis de mesa brasileiro. Tsuboi foi eleito o jogador revelação da última Bundesliga, enquanto Hugo Calderano foi bronze nos Jogos OlÃmpicos da Juventude de 2014 e venceu recentemente o ex-número 1 do mundo Timo Boll. Juntos, em fevereiro, eles foram finalistas em duplas em Doha (Catar), numa etapa equivalente ao Grand Slam do tênis.
"No último Mundial por Equipes, a gente fez frente com as maiores potências do tênis de mesa. Ganhou jogos, jogou pau a pau com outras equipes boas e estivemos perto de vencer. Nesse campeonato a gente mostrou potencial e de lá pra cá tivemos algumas vitórias importantes, significativas", argumenta Tsuboi.
Na competição citada por ele, realizada entre abril e maio de 2014, o Brasil perdeu de Sérvia e Ãustria por 3 a 2 e da Polônia por 3 a 1, mas venceu a Rússia por 3 a 2. Nas competições por equipes do tênis de mesa, assim como na Copa Davis no tênis, há quatro duelos de simples e um de duplas.
Número 41 do ranking mundial, Tsuboi é o brasileiro mais bem posicionado, mas sua posição na lista não reflete seu atual momento, uma vez que ele tem jogado pouco o Circuito Mundial. Atleta do Bergnestaudt, é na Bundesliga, a liga mais forte do mundo, que ele mede seu potencial.
"Acredito que jogadores entre 10 e 20 do mundo eu ainda consigo fazer um jogo bom, ter chance de ganhar. É difÃcil, eles ainda estão num nÃvel superior ao meu, mas dá jogo. Mas Top10 do mundo já é um pouco mais complicado e eles tão num nÃvel superior", explica Tsuboi.
Se até pouco tempo o Brasil comemorava ter a hegemonia da América Latina, hoje a cabeça está em vencer atletas de escolas tradicionais. Para o mesa-tenista, essa mudança está diretamente relacionada à contratação do técnico francês Jean René-Mounie, que como atleta acabou com a hegemonia chinesa para ser campeão mundial em 1993.
"Ele começou a treinar a gente de outra maneira, encarar de outra maneira, e a gente foi evoluindo. O trabalho dele foi fundamental. Se ele não tivesse começado a trabalhar com o Brasil, eu acho que eu não estaria jogando tênis de mesa mais. Isso se vê no Pan. Em 2011 a gente ganhou por equipes, mas no individual não teve medalhas. Nesse último Pan, teve ouro, prata e bronze no individual. Com o Jean René, mudou a mentalidade da confederação, dos atletas. A parte financeira também mudou. Com o Jean, o dinheiro foi na direção certa", elogia Tsuboi.
Essa mudança de mentalidade dos brasileiros atraiu o interesse de clubes europeus - no tênis de mesa, os campeonatos, sempre por equipes, são como os de futebol ou qualquer outro esporte coletivo. Tsuboi e Hugo Calderano estão na primeira divisão da Bundesliga e Thiago Monteiro joga na elite da França. Cazuo Matsumoto é o único num clube da Liga dos Campeões e, entre os melhores do mundo, recentemente ganhou do português Marcos Freitas, então oitavo do ranking e vice-campeão europeu.
Dos quatro, um desses brasileiros não irá à OlimpÃada. Hugo Calderano está classificado porque foi o campeão dos Jogos Pan-Americanos. Outras cinco vagas serão distribuÃdas pelo Pré-OlÃmpico Latino-Americano, no ano que vem, mas só mais um brasileiro poderá se classificar para jogar a chave de simples no Rio. Por fim, o terceiro convocado, para compor a equipe, será definido pela comissão técnica.
Fonte: Estadão Conteúdo