08/02/2016 07h33
Favorita ao ouro no Rio-2016, boxeadora irlandesa Katie Taylor é "boa de briga"
Um dos momentos mais eletrizantes dos Jogos OlÃmpicos de Londres-2012 foi a final do boxe feminino na categoria 60 quilos. Os 10 mil espectadores na Excel Arena, em sua grande maioria irlandeses, cantaram freneticamente, vibraram a cada golpe, festejaram a vitória e a conquista da medalha de ouro de seu maior Ãdolo: a boxeadora Katie Taylor.
Aos 29 anos, Katie, a mais nova entre quatro irmãos, começou no boxe aos 11 e jamais foi derrotada em um torneio internacional. Além do ouro olÃmpico, são cinco troféus em campeonatos mundiais e 12 em competições europeias. "Minha fome por tÃtulos é maior a cada conquista. Tenho muito a fazer e por isso não me iludo com as vitórias", afirmou, sempre simpática e com o sorriso estampado no rosto de adolescente.
Seu estilo de lutar enlouquece os fãs. Com um preparo fÃsico invejável, Katie não para de se movimentar um segundo durante os oito minutos de combate previstos - no boxe feminino, são quatro rounds de dois minutos. Sua variação de golpes, aliada a uma velocidade nos punhos impressionante, faz Katie dominar quase todos os rounds. Outra caracterÃstica que surpreende a maioria das rivais é o contragolpe sempre muito bem colocado.
"Meu Ãdolo sempre foi Rocky Marciano (campeão mundial dos pesos pesados de 1952 a 1955). Ele é minha referência e a primeira lembrança que tenho do boxe. Gosto da forma como ele lutava. Sempre agressivo. Não tenho a mesma força, mas procuro sempre tomar a iniciativa do combate", disse Katie, que também admira a técnica de Sugar Ray Leonard - lenda dos anos 70, 80 e 90. No boxe atual, a irlandesa acompanha todas as lutas e vÃdeos antigos do multicampeão filipino Manny Pacquiao. "Ele teve combates incrÃveis".
TREINO DURO - Para aprimorar a parte fÃsica e técnica, Katie conta com o apoio total da famÃlia. Peter Taylor, o pai, não desgruda da filha na academia em Bray, onde ela nasceu e vive. Um detalhe importante nos treinos é que Katie só faz sparring com homens. Paddy Barnes, campeão europeu e bronze em Pequim-2008 e Londres-2012, é um dos parceiros. "A ordem é atacar Katie o tempo todo. Sabemos que um treino duro pode tornar a luta mais fácil. Por isso, ela não tem nenhum tipo de privilégio".
A mãe, Bridget, torce muito pela filha, claro, mas prefere ficar em casa. "Somos uma famÃlia ligada ao boxe, pensava que os meninos (Peter e Lee) fossem ser os melhores, mas Katie nos surpreendeu".
Bray é uma cidade ao nÃvel do mar, o que ajuda Katie nas corridas matinais, que tem inÃcio à s 6 horas. Isso no verão. No inverno, o footing é transferido para o pequeno, mas aconchegante e equipado ginásio da Bray Academy, que fica próxima ao trilho do trem. Lá, das 11 à s 13 horas, a melhor boxeadora do mundo na atualidade faz exercÃcios com os aparelhos de boxe.
Das 15 às 17 horas, Katie faz trabalhos com uma equipe de fisioterapeutas, que buscam melhorar sua postura e evitar lesões. Às 19 horas, começa o treino intenso de sparring de 60 minutos, quando Katie é exigida ao extremo. Todo esse planejamento é feito de segunda a sábado.
COMO UM SHOW - Os 30 mil habitantes de Bray vão em peregrinação acompanhar as suas lutas por todo o mundo por intermédio dos telões que são instalados nos parques centrais. O clima é semelhante ao de um show de rock e seus golpes são acompanhados por gritos como se fosse um gol da seleção irlandesa. Aliás, o futebol é uma das paixões da lutadora.
Mas a fama de Katie já ultrapassou fronteiras. Em 2012, carregou a bandeira de seu paÃs na abertura dos Jogos de Londres, além de ser eleita a personalidade do esporte.
Tanto sucesso fez com que Katie se tornasse uma celebridade na Europa. Além das premiações e das ajudas mensais que recebe do Comitê OlÃmpico da Irlanda, a boxeadora tem contratos com nove patrocinadores. Faz comerciais para TV e posa em fotos para revistas e sites.
Em Londres, a Irlanda ganhou cinco medalhas. A única de ouro foi com Katie Taylor. Para o Rio, ela diz estar preparada para assumir a responsabilidade e repetir a dose. "Respeito todas as minhas adversárias. Demonstro isso ao treinar sete horas por dia, mas em cima do ringue não admito perder. Luto pelo meu paÃs e vou levar mais um ouro para casa".
Fonte: Estadão Conteúdo