17/09/2017 06h10
Federações defendem cautela após suspeita de compra de votos para o Rio-2016
Atletas e confederações estão tentando separar o lado esportivo do polÃtico na crise do movimento olÃmpico brasileiro, após as acusações de que a escolha do Rio como sede dos Jogos de 2016 tenha sido comprada. O momento turbulento gera incertezas óbvias nas preparações dos atletas e a falta de recursos pode até se acirrar caso a imagem do Comitê OlÃmpico do Brasil (COB) seja arranhada.
A crise iniciou há quase duas semanas, quando a PolÃcia Federal (PF) deflagrou a Operação Unfair Play. Entre os investigados estão o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), que responde a 13 processos na 7.ª Vara Federal Criminal da cidade e já foi condenado a 14 anos e 2 meses de prisão pela Justiça Federal de Curitiba; o empresário Arthur César de Menezes Soares Filho, conhecido como Rei Arthur, considerado foragido; e o presidente do COB e do Comitê Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman. Ele foi apenas convocado para prestar esclarecimentos e negou qualquer ato ilÃcito no processo.
Por ora, dirigentes esportivos pregam a cautela. Ninguém quer bater. Mesmo os mais crÃticos à gestão de Carlos Arthur Nuzman, como Alaor Azevedo, presidente da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM) e oposição ao dirigente no último pleito do COB - único a votar contra -, preferem esperar o desenrolar da investigação para uma posição. A Confederação Brasileira de Vela (CBVela), por exemplo, disse em nota que os projetos estão sendo realizados normalmente.
"O trabalho e o planejamento da CBVela seguem normais neste inÃcio de ciclo olÃmpico, sempre tendo os velejadores como foco principal. Em dezembro, haverá a Copa Brasil de Vela em Ilhabela, reunindo os principais nomes das classes olÃmpicas no litoral de São Paulo", afirmou a entidade.
Pedro Cavazzoni, CEO da CBDN (Confederação Brasileira de Desportos na Neve), garante que os atletas de inverno já estão na reta final de preparação dos Jogos OlÃmpicos de Inverno de 2018, na cidade de PyeongChang, na Coreia do Sul. "A escolha das sedes olÃmpicas é realizada pelo COI e seus membros e, portanto, sem relação com a CBDN, que tem como objetivo a preparação esportiva dos atletas. Estamos na reta final de preparação para os Jogos, sendo esse o primeiro ciclo da entidade sob o novo planejamento de longo prazo que foi lançado em 2015, e que já começa a dar os primeiros resultados, como por exemplo, o recorde de atletas com Ãndice OlÃmpico para PyeongChang".
Para os atletas olÃmpicos, o aprendizado é lidar com a triste realidade de falta de recursos após perÃodo de "fartura" antes dos Jogos do Rio-2016. O nadador Bruno Fratus, vice-campeão mundial nos 50 metros livre e no revezamento 4x100 metros livre neste ano, está tendo ajuda do COB para arcar com os custos de sua preparação nos Estados Unidos. Isso foi um pedido da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) que o COB aprovou.
Para o ciclista Henrique Avancini, que conquistou o histórico quarto lugar na semana passada no Mundial da modalidade, é preciso separar o lado polÃtico do esportivo. "Aos poucos, algumas confederações, e vejo isso no COB também, fazem uma gestão com caráter executivo para realizar trabalho a longo prazo e, sinceramente, espero que as próximas notÃcias não sejam negativas para o esporte. Por enquanto, o legado olÃmpico não tem sido tão expressivo nas modalidades consideradas pequenas", lamentou.
Ele conta que sempre foi muito bem atendido no COB e toda ajuda profissional que precisou, conseguiu. "Essa parte esportiva da entidade não vejo como algo ruim. Obviamente que as acusações afetam todos os envolvidos e isso é ruim. Se tiver algo errado, espero que exista punição e que isso gere mudanças", disse.
Fonte: Estadão Conteúdo