23/06/2015 16h05
Fifa fecha cerco a clubes e determina regras para importação de menores de idade
A Fifa fecha o cerco aos clubes europeus que tentam contratar jogadores menores de idade, principalmente do Brasil, Argentina e Ãfrica. A partir de julho, clubes terão de preencher uma série de condições extras para que sejam permitidos a levar para a Europa menores de idade, um apelo feito pelo Brasil por anos.
A contratação de jovens não é proibida. Mas o que a Fifa não quer é que haja um fluxo de menores de paÃses pobres para os grandes clubes europeus, esvaziando campeonatos nacionais e retirando de suas cidades os futuros craques.
Num comunicado enviado a todas as federações nacionais, a Fifa indica que exigirá que tanto o pai como a mãe do menor de idade tenham trabalho nos paÃses para onde imigraram para que uma contratação seja autorizada. Nos últimos anos, o que clubes faziam eram dar ao pai do jovem jogador um emprego, cumprindo o critério estabelecido pela entidade que controla o futebol mundial.
A Fifa também exige saber as condições sociais dos parentes dos jogadores, documentos de todos os membros da famÃlia e mesmo um certificado do clube garantindo que não foi buscá-lo em seu paÃs de origem.
Outra novidade nas regras da entidade é que as exigências feitas até agora para jogadores a partir de 12 anos de idade valerão também para os garotos a partir de 10 anos. Nos últimos anos, o que a Fifa percebeu é que clubes europeus passaram a trazer jovens a partir de 10 anos para suas escolinhas, justamente para driblar as regras estabelecidas para aqueles a partir de 12 anos de idade.
As mudanças ocorrem depois que o Barcelona foi condenado por conta de suas práticas de trazer jovens jogadores para o clube, sob o pretexto de estarem dando abrigo, educação e estrutura. Entre os jovens "convidados" a viver em Barcelona no passado estava o argentino Lionel Messi, que depois se consagraria como um dos maiores jogadores da história.
O caso de Messi é apontado por muitos como um dos exemplos dessa importação ilegal de jogadores e que, graças a brechas na lei, conseguiu ser justificada. Pela Fifa, um jogador menor somente pode ser trazido do exterior se ficar provado que ele se mudou com sua famÃlia para aquela cidade. O Barcelona, para levar Messi, transferiu da Argentina para a capital da Catalunha toda a famÃlia do meia.
Agora, a medida reabre a polêmica em relação à compra de menores pelos grandes clubes e pode ter um impacto direto em dezenas de brasileiros. Segundo a reportagem apurou, mais de 100 garotos brasileiros estão hoje na Europa trazidos pelos poderosos times do continente.
Para que autorize a venda de um menor de 18 anos de um paÃs para outro, a Fifa exigia que pelo menos uma das seguintes condições seja atendida: que a famÃlia tenha se mudado do paÃs; que a transferência ocorra entre paÃses da União Europeia com atletas de mais de 16 anos; que o novo clube fique a no máximo 50 quilômetros da fronteira; ou que o menor esteja vivendo no novo paÃs por mais de cinco anos antes de ser contratado. Nessas condições, a Fifa registrou 13 mil transferências de jovens no mundo apenas em 2011.
Fonte: Estadão Conteúdo