13/03/2023 17h30
Renan Dal Zotto apoio de Bernardinho e Zé Roberto na seleção após queda em Tóquio
A semifinal olÃmpica do vôlei masculino nos Jogos de Tóquio, em 2021, marcou o Brasil. Após abrir uma vantagem de 20 a 12 no terceiro set, os brasileiros tomaram a virada e acabaram perdendo para a Rússia. Para Renan Dal Zotto, treinador da seleção brasileira, o acontecimento marcou muito o grupo, mas dois telefonemas o fizeram entender que era necessário seguir no posto.
"A gente ficou muito marcado por causa do set da Rússia em que estávamos ganhando e tomamos a virada, mas era um set apenas e ficaria 2 a 1 para nós, o que não garantia a vitória. Já vimos inúmeras vezes viradas após o 2 a 1. Fiquei muito aliviado quando o José Roberto Guimarães e o Bernardinho me ligaram, após o acontecimento em Tóquio, para falar que esse tipo de derrota já tinha acontecido com eles dentro da OlimpÃada e infelizmente ela acontece", afirmou Dal Zotto.
"Dois Ãcones do esporte e duas inspirações para mim já passaram pelo que passei no Japão. Aconteceu, mérito deles que venceram e triste por não ter tido talvez a condição para buscar a medalha de bronze. Mas vejo que foi um aprendizado para todos os envolvidos para seguir o trabalho", acrescentou o treinador.
O contato de Renan com José Roberto Guimarães não aconteceu somente após o quarto lugar nos Jogos OlÃmpicos de Tóquio. De acordo com o atual técnico da seleção brasileira de vôlei masculino, foi uma conversa com o tricampeão olÃmpico que o fez aceitar o cargo em 2017.
"Eu já comentei isso com o José Roberto Guimarães, foi ele que me fez aceitar o convite da Confederação Brasileira de Vôlei. Estávamos em uma reunião com a direção da CBV, com ele presente e eu ainda no cargo de diretor de seleções já decidido pela negativa ao cargo de treinador. Ele virou para mim e perguntou o que o vôlei tinha me dado na vida. Na hora, disse que absolutamente tudo que tinha, desde o aspecto financeiro até o cultural e como pessoa, era por causa do nosso esporte. Ele olhou para mim e me perguntou se, depois de ter conquistado tudo que tinha na vida, eu poderia dizer "não" ao vôlei. Isso me fez voltar atrás e aceitar", disse Dal Zotto.
A BUSCA PELA VAGA EM PARIS NO BRASIL
O ano de 2023 é cheio e corrido para a seleção brasileira masculina de vôlei. Em um espaço de cerca de seis meses, o Brasil vai disputar Liga das Nações, Sul-Americano, Jogos Pan-Americanos e o Pré-OlÃmpico para os Jogos de Paris-2024. Na última semana, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) recebeu a confirmação de que o Pré-OlÃmpico masculino será disputado no PaÃs, entre o fim de setembro e o começo de outubro, ainda sem local definido.
Para Renan, a competição acontecer no Brasil é um fator importante. "Se lembrarmos do último, em que jogamos na Bulgária contra os donos da casa na decisão da vaga em Tóquio e viramos um 2 a 0 para 3 a 2, tenho de te dizer que quero o mesmo resultado final, mas sem tanta emoção e sofrimento", disse, rindo.
"O formato de disputa para Paris mudou, antes era um torneio entre quatro seleções e só o campeão conseguia a vaga e agora são oito seleções, todos se enfrentam e os dois melhores se garantem nos Jogos OlÃmpicos. Fiquei muito feliz de trazer para o Brasil essa etapa", continuou.
"Por mais que algumas pessoas falam que a pressão aumentou com isso, penso que em nenhum momento a seleção brasileira teve pouca pressão na história recente. Acho que temos de tirar o que é positivo disso, que é ter a torcida, sensibilizar todos para que joguem juntos o tempo todo. Acho que precisamos mostrar que todos os jogos serão importantes já que não terá uma decisão em si", acrescentou.
Mesmo sem ter convocado a seleção brasileira para as competições, Renan Dal Zotto não para de trabalhar. Depois de um passagem de dez pela Itália, para acompanhar de perto a recuperação e atuação de alguns jogadores pelo paÃs europeu, o treinador esteve presente na disputa da Copa Brasil, realizada em Jaraguá do Sul, para assistir à s finais.
"Hoje nós temos todos os jogos da Superliga sendo transmitidos de forma direta, pela TV e pela internet, e isso é muito bacana. Eu também acabo tendo uma parceria muito bacana com os clubes e seus estatÃsticos, analistas de desempenho e isso é muito bom. Temos de estar muito próximos pela responsabilidade muito grande que temos que é a convocação. A única coisa que nós não podemos cometer é injustiças com os atletas e para isso nós da seleção temos que estar vendo de perto. O esporte é uma questão de momento. Precisamos respeitar o momento de cada um e temos que ter essa parceria com os clubes", disse o treinador.
CASO WALLACE
Nas últimas semanas, o mundo do vôlei vem aguardando a definição do julgamento do oposto Wallace pelo Conselho de Ética do Comitê OlÃmpico do Brasil (CECOB), por causa de uma postagem do atleta do Cruzeiro nas redes sociais contra o Presidente Lula.
Wallace tem duas medalhas olÃmpicas, prata em Londres-2012 e ouro na Rio-2016, e fez história pela seleção brasileira durante mais de dez anos. Questionado sobre como via o caso do atleta no CECOB, Renan Dal Zotto preferiu aguardar os próximos passos do julgamento. "O Wallace é um atleta que não está mais na seleção brasileira, porque optou por se aposentar por vontade dele após o Mundial de 2022. Acredito que precisamos aguardar o julgamento perante os fatos que aconteceram", disse.
Fonte: Estadão Conteúdo