22/09/2022 16h50
Times da Liga Forte fazem ação conjunta nas redes por nova divisão em cotas de TV
Os clubes que formam a Liga Forte Futebol do Brasil (LFF) fizeram uma ação coordenada nas redes sociais nesta quinta-feira, chamando atenção à questão da divisão dos valores das cotas de televisão no PaÃs. Os representantes defendem um modelo similar ao do Campeonato Inglês (Premier League), acreditando ser a forma mais justa para a distribuição do montante arrecadado pelas equipes.
A Premier League, liga responsável pela organização do Inglês, divulgou nesta quarta os valores que os clubes receberam na temporada 2021/22 dos contratos relacionados à TV. No total, foram 2,5 bilhões de libras (cerca de R$ 14,6 bilhões) entre as 20 equipes que disputam a elite inglesa.
"Na Premier League o clube de maior receita recebeu 153 milhões e o de menor, 101 milhões. Diferença de 1,5x. Os fatos mostram que uma divisão mais equilibrada gera mais competitividade e mais receitas. Esse é o conceito em que acreditamos e o motivo pelo qual fazemos parte da #LigaForteFutebol", publicaram os clubes.
A LFF é composta por 25 clubes, sendo eles: América-MG, Athletico-PR, Atlético-GO, Atlético-MG, AvaÃ, Brusque, Chapecoense, Coritiba, Ceará, Criciúma, CRB, CSA, Cuiabá, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Juventude, Londrina, Náutico, Operário, Sampaio Corrêa, Sport, Vila Nova e Tombense. Os números apresentados são do blog The Swiss Ramble, especializado em negócios do futebol.
Cada um dos 20 clubes da Premier League recebeu 87,5 milhões de libras (R$ 513 milhões) em partes iguais, provenientes de direitos de TV domésticos (31,8 milhões de libras), direitos no exterior (48,9 milhões de libras) e receita comercial (6,8 milhões de libras). O restante é dividido de acordo com o número de jogos transmitidos por cada equipe, além, é claro, da colocação ao final da competição no Campeonato Inglês.
A divisão das cotas de TV, em especial do pay-per-view (PPV), pago pela Globo, é considerado o principal entrave para a criação de uma liga unificada. Enquanto o Flamengo recebe R$ 160 milhões por contrato, e o Corinthians R$ 110 milhões, clubes como Fortaleza, que disputou a edição atual da Libertadores, aparecem na parte inferior desta tabela, com apenas R$ 2,8 milhões.
"É por isso que defendemos uma divisão mais justa de recursos na criação da liga de clubes no Brasil. Um campeonato mais equilibrado atrai mais investidores e assim todos crescem. O melhor exemplo é a Premier League, onde clubes de porte médio conseguem fazer grandes investimentos. Na liga inglesa, a diferença entre o que mais ganha e o que menos ganha é muito baixa", afirma o presidente do Fortaleza, Marcelo Paz.
"Nós caminhamos há muitos anos com a divisão de valores que não é a ideal, que privilegia de fato alguns clubes, e nós queremos mudar esse cenário. Precisamos quebrar a ideia de que o futebol brasileiro é conhecido no mundo inteiro. O nosso campeonato não passa em Cingapura, no Canadá, na Bélgica, lá eles não conhecem as nossas marcas e esse movimento da Liga visa um campeonato mais forte, com uma divisão mais equilibrada para vender para o mundo inteiro e tornar a nossa marca conhecida", acrescentou o mandatário.
Já o Internacional, considerado um dos clubes mais vitoriosos do paÃs, recebe "apenas" R$ 18,8 milhões. É apenas o nono na lista dos que mais faturam de PPV, atrás de Flamengo, Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Vasco, Grêmio, Cruzeiro e Atlético-MG.
"São muitas as questões a serem debatidas e melhoradas, como calendário, estádios, arbitragem, matchday, todas as alternativas possÃveis de comercialização. Mas entendemos que a divisão desses recursos deve seguir os exemplos de ligas bem-sucedidas no mundo. Essa redução na desigualdade fará com que tenhamos um produto mais valorizado, competitivo e, portanto, com ganhos significativos para que todos os clubes façam frente à s exigências necessárias para construir um produto mais forte", disse Alessandro Barcellos, presidente do Internacional.
No inÃcio do mês, representantes dos times que formam a LFF se reuniram em São Paulo para apresentar suas propostas para a criação de uma liga única e independente da CBF, com o objetivo de organizar os campeonatos da primeiras e da segunda divisão do futebol brasileiro.
A formação da LFF surgiu em oposição à Libra, cujo a proposta para a divisão das receitas não agradou a maior parte dos clubes que participam atualmente das séries A e B do Campeonato Brasileiro. Ela propõe uma divisão de receitas em que 40% seja feita de forma igualitária, 30% por desempenho e outros 30% por audiência e engajamento - sem critérios muito claros quanto a isso. Já a LFF defende o montante seja dividido em 45%, 25% e 30%, respectivamente.
A Libra é formada por Botafogo, Cruzeiro, Corinthians, Flamengo, Grêmio, Guarani, Ituano, Novorizontino, Palmeiras, Ponte Preta, Red Bull Bragantino, Santos, São Paulo e Vasco. As equipes do bloco não se manifestaram após a ação desta quinta-feira.
Confira os valores que cada clube brasileiro recebe pelo PPV da Globo em 2022:
1. Flamengo: R$ 160 milhões por contrato (19%)
2. Corinthians: R$ 110 milhões por contrato (12%)
3. São Paulo: R$ 36 milhões (9%)
4. Palmeiras: R$ 32 milhões (8%)
5. Vasco e Grêmio: R$ 29 milhões (7%) - jogam a Série B
6. Cruzeiro: R$ 25,2 milhões (6%) - joga a Série B
7. Atlético-MG: R$ 20 milhões (5%)
8. Internacional: R$ 18,8 milhões (5%)
9. Santos: R$ 15,6 milhões (4%)
10. Fluminense: R$ 15,6 milhões (4%)
11. Botafogo: R$ 14,2 milhões (3,5%)
12. Bahia e Sport: R$ 8 milhões (2%) - jogam a Série B
13. Ceará: R$ 3,2 milhões (0,81%)
14. Fortaleza: R$ 2,8 milhões (0,7%)
15. Coritiba: R$ 2 milhões (0,5%)
16. Goiás: R$ 800 mil (0,2%)
17. Atlético-GO, AvaÃ, América-MG, Juventude, Bragantino e Cuiabá: R$ 400 mil cada (0,7% somados)
Confira os valores que cada clube recebeu da TV no último Campeonato Inglês:
1. Manchester City: 153,1 milhões de euros (28 partidas ao vivo)
2. Liverpool: 151,9 milhões de euros (29 partidas ao vivo)
3. Tottenham: 146,1 milhões de euros (27 partidas ao vivo)
4. Arsenal: 145,7 milhões de euros (29 partidas ao vivo)
5. Chelsea: 145,6 milhões de euros (28 partidas ao vivo)
6. Manchester United: 142,8 milhões de euros (28 partidas ao vivo)
7. West Ham: 136,6 milhões de euros (23 partidas ao vivo)
8. Leicester: 128,6 milhões de euros (16 partidas ao vivo)
9. Newcastle: 126,7 milhões de euros (21 partidas ao vivo)
10. Brighton: 125,7 milhões de euros (15 partidas ao vivo)
11. Wolverhampton: 124,5 milhões de euros (16 partidas ao vivo)
12. Crystal Palace: 120,4 milhões de euros (16 partidas ao vivo)
13. Aston Villa: 119,6 milhões de euros (20 partidas ao vivo)
14. Brentford: 118,4 milhões de euros (13 partidas ao vivo)
15. Everton: 117,2 milhões de euros (22 partidas ao vivo)
16. Leeds United: 115,1 milhões de euros (22 partidas ao vivo)
17. Southampton: 110,9 milhões de euros (12 partidas ao vivo)
18. Burnley: 104,7 milhões de euros (12 partidas ao vivo)
19. Watford: 102,7 milhões de euros (12 partidas ao vivo)
20. Norwich: 100,6 milhões de euros (12 partidas ao vivo)
Fonte: Estadão Conteúdo