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16/12/2012 07h41

Aluna brasileira relata tensão durante tiroteio em escola nos EUA

Gabriela é aluna da escola Sandy Hook, na cidade de Newtown. 'A gente escutou um monte de professora gritando', disse a menina.

Ao ouvir a mensagem que a filha Gabriela deixou em seu celular na última sexta-feira (14), a brasileira Alessandra Porto pulou assustada da cama. Ela dizia para a mãe ir para a escola imediatamente. Depois, outra pessoa pega o telefone e explica: "Alessandra, você precisa vir até a escola Sandy Hook. Gabriela está bem, mas houve um tiroteio na escola. Por favor, venha."

Gabriela é uma das alunas da escola Sandy Hook, na pequena cidade de Newtown, na última sexta um jovem de 20 anos entrou armado e atirou em professores e alunos, matando 26 pessoas e tirando a própria vida.  

Aquela sexta-feira, segundo Alessandra, começou como outra qualquer. "Eu dei café para ela, coloquei ela no ônibus. Dei um tchauzinho para ela e ela foi tranquila", relata a brasileira.

Logo depois, às 10h06 da manhã, Alessandra recebeu um e-mail. Era da superintendência das escolas da cidade. A mensagem dizia: “Devido à informação de tiroteio, ainda não confirmada, estamos tomando medidas preventivas e proibindo a entrada e saída em todas escolas até que todos os alunos e funcionários estejam seguros”. Mas cinco minutos depois, ela recebeu outro e-mail: “Por causa do fechamento da escola, não haverá ônibus na hora do almoço, e todas as aulas do período da tarde estão canceladas.”

Enquanto isso, Gabriela estava dentro da sala de aula.

“A gente escutou um monte de porta fechando e trancando, um monte de professora gritando", conta Gabriela.

Os alunos estavam na sala de música. No canto, há um quarto onde ficam guardados os instrumentos. Todos foram para lá. Vinte crianças, com a luz apagada. A professora fez dois pedidos. "Ela falou para a gente sentar e rezar. Então todo mundo sentou e a gente começou a rezar todo mundo junto. E ela ficava lá no quarto dando bala para a gente tentar acalmar", detalha Gabriela.

A professora saiu do pequeno quarto, buscou o telefone na mesa dela e avisou polícia. Depois de alguns minutos, ligou, de novo, para saber o que estava acontecendo.

"Ela falou que tinha um homem que queria matar crianças. Então, todo mundo ficou assustado", diz Gabriela.

Ursos de pelúcia são colocados em memorial em homenagem às vítimas de Newtown (Foto: AP)
Ursos de pelúcia são colocados em memorial em homenagem às vítimas de Newtown (Foto: AP)

No meio do pânico, policiais bateram na porta que dá acesso ao jardim da escola. Mais de uma vez. "Eu estava chorando com outras meninas e uns meninos estavam chorando. Eu estava pensando que eu nunca ia chegar em casa viva", revela a menina.

Depois de uma hora trancada no quarto, os policiais bateram na porta que dá acesso à sala de aula, e gritaram para a professora.

"A polícia falou, de novo, vocês têm que sair antes que o menino venha te pegar. Aí que ela escutou que era polícia e abriu a porta. E quando a gente chegou lá fora, a polícia mandou a gente correr até lá fora", conta a menina.

Todas as crianças foram levadas para uma base do corpo de bombeiros que fica a poucos metros da escola. De lá, Gabriela ligou para a mãe. Ao ouvir a mensagem, Alessandra foi, desesperada, até a base do corpo de bombeiros.

"Aí ela já olhou para mim chorando. A ali que já fiquei com ela. Abracei ela e tentei confortar ela. E todo mundo muito nervoso. Os professores chorando. As pessoas chorando. Aquele tumulto todo”, diz Alessandra.

Velas são acesas para homenagear as vítimas do tiroteio na escola Sandy Hook, em Newtown, Connecticut (Foto: AFP)
Velas são acesas para homenagear as vítimas do tiroteio na escola Sandy Hook, em Newtown, Connecticut (Foto: AFP)

Com a filha nos braços, o casal Porto foi para casa com a sensação de que tinha sido apenas um tiroteio, sem vítimas.

Arnaldo Porto conta que, quando soube que crianças haviam morrido, "bateu aquela situação de que a gente ganhou nossa filha de volta. Poderia ter sido eu um desses pais hoje que estão lamentando a perda do filho.

Gabriela fez questão de mostrar que um dia antes do massacre se apresentou no coral da escola, sob a regência da mesma professora de música que a protegeu do tiroteio. As músicas falavam de união e de paz.

Arnaldo não pensa em trocar de cidade, de país. Quer, sim, mudar o jeito de levar a vida.

"A gente se encarrega tanto das coisas do dia a dia que às vezes a gente esquece de quem está do lado da gente. Então, acho que o importante da vida é você viver o principal. O que é o principal? É quem você ama, é quem está perto de você. É sua família, são seus filhos”, conclui ele.

Do G1, com informações do Fantástico

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