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24/09/2014 09h55

ANA eleva tom contra gestão do Cantareira

O presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, subiu o tom nas críticas à gestão da crise do Sistema Cantareira pelo governo de São Paulo. Ele divulgou ontem à imprensa cópia de um e-mail enviado no dia 25 de agosto por um funcionário da Secretaria Estadual de Saneamento e Recursos Hídricos no qual o secretário Mauro Arce informa o "cronograma das próximas reduções programadas" para captar menos água. A secretaria lamentou o "vazamento seletivo" de informações.

No texto, é apresentada uma redução de 1,6 mil litros por segundo a partir do dia 30 deste mês, chegando a uma retirada de 18,1 mil litros por segundo, e de mais mil litros por segundo a partir de 31 de outubro, atingindo a captação de 17,1 mil litros por segundo. Atualmente, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) retira cerca de 19 mil litros por segundo do sistema, que opera com 7,8% da capacidade, a mais baixa da história.

Andreu divulgou o e-mail após Arce ter negado reiteradamente que houvesse acordo para as reduções. Por causa do impasse, o presidente da ANA, que é um dos órgãos reguladores do Cantareira, anunciou a saída do comitê anticrise criado em fevereiro com o governo Geraldo Alckmin (PSDB) para monitorar o sistema e a crise hídrica.

Nesta terça-feira, 23, os dois se encontraram em um evento na capital e discutiram publicamente a atuação na crise, que atinge outros mananciais pelo Brasil.

Segundo Andreu, o governo Alckmin "não aponta a gravidade da situação concretamente para a população". "Se nós tivermos um ano parecido com este, nós não teremos resposta satisfatória na região metropolitana em 2015. Não tem como dizer diferente disso. Isso fica pior, porque nós não temos ainda em mãos, apesar de termos insistido muito, um plano de contingências por parte da empresa de saneamento de São Paulo que possibilite dialogar com a população sobre quais são as consequências de eventuais cenários", disse Andreu.

De acordo com o presidente da ANA, a Sabesp tem apresentado "sistematicamente um plano de operação, sempre buscando mais água do volume morto do Sistema Cantareira". Em maio, a Sabesp iniciou a captação de 182,5 bilhões de litros da reserva profunda das represas e quer ampliar a cota em mais 106 bilhões de litros. "E, se não chover o esperado até março, como será em abril? Eles não respondem", afirmou Andreu.

"Um plano de contingências tem de ter o seguinte: e se essa água não tiver, quais são as alternativas. Tem de dizer isso com clareza à população", disse o diretor da ANA, que é vinculada ao Ministério do Meio Ambiente , do governo Dilma Rousseff.

Resposta

Arce disse que o governo Alckmin "não está escondendo nada de ninguém". "Acho que as pessoas estão informadas. A não ser que não leem o que vocês (jornalistas) escrevem, que não ouvem o que a gente fala. Nunca um assunto foi tão debatido quanto este", disse o secretário, que criticou a ANA por "não dar esse tratamento ao Rio de Janeiro", que teve uma redução menor na captação do Rio Paraíba do Sul, apesar de a crise de estiagem também ser histórica na região.

"Não estamos escondendo nada de ninguém. Não preciso decretar uma (...) Olha, tem racionamento, está na cara que existe problema. As informações são dadas", afirmou Arce.

A assessoria de Arce ainda, em nota, lamentou "que um órgão federal recorra ao vazamento seletivo de uma comunicação interna, que refletia apenas um dos cenários em avaliação". A pasta disse que mantém a disposição ao diálogo e espera que a ANA volte ao comitê.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Estadão Conteúdo
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