A segunda mostra do “Dia Internacional do Cinema de Animação” em Andrelândia firmou mais uma vez o potencial criativo da linguagem do cinema que se utiliza das técnicas de animação. O primeiro dia, 28 de outubro, foi contemplado com a mostra paralela no casarão da Fundação Guairá, onde foi exibido “A viagem de Chihiro”, um filme de Hayao Miyazaki, de 2001, um longa-metragem desenhado a mão que recebeu diversos prêmios, incluindo o Urso de Ouro, em Berlim, em 2002 e o Oscar de melhor filme de Animação, em 2003. Em seguida deu-se a abertura oficial da Mostra, com filmes nacionais e internacionais. Esta ocorreu simultaneamente, às 19h30, em mais de 200 cidades brasileiras e em mais de 30 países. A Mostra é realizada pela Associação Brasileira de Cinema de Animação (ABCA).
Segundo a socióloga Laís Oliveira “os filmes apresentaram uma diversidade muito grande de temas embutidos em roteiros autorais, cuja técnica também se sobressaiu de maneira muito rica e múltipla”. O público conferiu filmes na mostra nacional cujas críticas relacionam-se à ambição e ao poder, como na fábula do “Rei Gastão” (animação em 2D de Diogo Viegas, feito em 2012), além do curta “Escalada” de Paulo Muppet e Luciana Eguti, que realiza uma metáfora da extração dos recursos naturais do planeta. A mostra Nacional também apresentou ao público o potencial técnico das animações, como o observado em “Cafeka”, animação em stop motion, de Nicolas Paim e Natália Cristine, uma analogia e uma homenagem ao livro de Franz Kafka, Metamorfose. Um curta desta sessão que traz uma riqueza de imagens e estética é “Maria da Glória”, com uma visão particular e gráfica sobre a Alameda Maria da Glória, na cidade de Fortaleza. A mostra internacional destacou-se com a sensibilidade do curta “E se…”, de Sandra Santos. O destaque deu-se também com a técnica do curta da Bulgária “Snowboard”, de Maria Kalcheva, sobre a mudança de ponto-de-vista na tela. Os curtas exibidos demonstraram extrema qualidade técnica, narrativa e estética.
Na segunda-feira foi a vez da exibição da mostra infantil na Escola Estadual Gustavo Ernesto Alves. “A escola mais uma vez mostrou-se muito aberta à mostra, é visível a preocupação da direção em utilizar-se de métodos diferenciados de ensino, como o cinema, dessa forma a criança sente-se instigada em estar no ambiente escolar”, afirma o coordenador regional de Andrelândia do cinema de animação, Guilherme Rezende Landim.
A música ‘Pombinha branca’ foi um dos destaques da mostra infantil, as crianças cantavam a música e puderam presenciar através da linguagem da animação audiovisual a história que viam nos livros e ouviam através dos pais ou de professores. A mostra infantil no Centro Educacional Fundação Guairá contou com a participação de cinco turmas, totalizando uma média de 60 alunos, cujo empenho foi admirador.
Na segunda à noite foi o momento dos educadores se reunirem e assistirem ao documentário “A educação proibida”, em sua segunda exibição pública em Minas Gerais o filme foi dirigido por Germán Doin Campos, em 2012, e relata dificuldades encontradas na educação. O documentário traz diversas mensagens importantes sobre o ato de educar, que aliás encontra-se não só no ambiente escolar, segundo depoimento do Professor Pablo Lipnizky, do Colégio Colombiano Mundo Montessori, no documentário “Todo mundo fala de paz, mas ninguém educa para a paz”.
O último dia da mostra foi realizado na APAE - Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - onde se observava o brilho nos olhos das crianças, que penetravam intensamente nas narrativas dos filmes. O coordenador da mostra afirma que “no ano passado, a APAE mostrou-se muito interessada em ver os filmes, e se deslocaram para outro espaço, apesar de algumas dificuldades como acesso a cadeirantes e o transporte os alunos não mediram esforços. Neste ano resolvemos fazer a exibição na própria sede da Associação, e foi muito emocionante ver o resultado, ouvir as crianças comentando sobre os filmes e depois os educadores abrirem discussões sobre os curtas”.
O Coordenador Regional da Mostra cita a importância do evento para a cidade. “Este ano houve uma multiplicidade de filmes e exibições. A participação das escolas foi crucial, a abertura foi ainda maior se comparada à última edição da mostra. Uma média de 200 espectadores puderam acompanhar aos filmes”.
Segundo um dos organizadores, Chico Almeida, “a repercussão neste ano foi muito boa. O apoio das escolas é importante, pois este espaço detém os aparatos técnicos, salas com acústica propícia às exibições e o mais importante, o público, sempre cativante”.
O organizador afirma também que a mostra está crescendo a cada edição em Andrelândia e pode se expandir para outros espaços na cidade e até mesmo nas cidades vizinhas. “A ideia é que em 2013 façamos um grande evento, com mostras em praça pública. E que venha a próxima mostra, com filmes cada vez mais críticos e ricos em linguagem e estética”, finaliza.