Mecanismo de eliminação de resíduos se parece com sistema linfático.
Pesquisadores esperam usar descoberta contra Alzheimer e Parkinson.
Neurocientistas do Centro Médico da Universidade de Rochester, nos EUA, descobriram um sistema de drenagem pelo qual o cérebro elimina resíduos.
O estudo foi publicado esta semana na revista "Science Translational Medicine", e os pesquisadores esperam aplicá-lo em tratamentos de Alzheimer e Parkinson.
O sistema atua como se fossem encanamentos que aproveitam os vasos sanguíneos do cérebro e fazem a "drenagem" da mesma forma que o sistema linfático no restante do corpo. A equipe chamou o novo sistema de "glinfático", já que está administrado pelas células do cérebro conhecidas como células da glia.
A equipe fez a descoberta em ratos, cujos cérebros são muito similares aos dos humanos. A autora principal do artigo e co-diretora do Centro de Neuromedicina da Universidade de Rochester, Maiken Nedergaar, afirmou que "a limpeza de resíduos é de vital importância para todos os órgãos, e há muito tempo há perguntas sobre como o cérebro se desfaz de seus resíduos".
"O trabalho demonstra que o cérebro está se limpando de maneira mais organizada e em uma escala muito maior do que se tinha pensado anteriormente", disse Maiken, que expressou seu desejo de que a descoberta sirva para tratar doenças cerebrais.
"Temos a esperança de que esses resultados tenham implicações para muitas condições que afetam o cérebro, como lesões cerebrais por traumatismo, derrames, mal de Alzheimer e Parkinson", acrescentou.
Os cientistas observaram que o líquido cefalorraquidiano tem um papel importante na limpeza do tecido cerebral, encarregado de levar os produtos dos resíduos e os nutrientes para o tecido cerebral, por meio de um processo conhecido como difusão.
O sistema recentemente descoberto circula por todos os cantos do cérebro de maneira eficiente, pelo que os cientistas chamam de fluxo global.
"É como se o cérebro tivesse dois coletores de lixo: um lento que já conhecíamos e um rápido que acabamos de conhecer", disse Maiken.
"Dada a alta taxa de metabolismo no cérebro e sua grande sensibilidade, não é de se estranhar que seus mecanismos para se desfazer dos resíduos sejam mais especializados e amplos do que se pensava", acrescentou.
Fonte: G1