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14/06/2012 16h47

Ciências Cientistas defendem popularização da ciência em evento sobre inovação

Cientistas defendem popularização da ciência em evento sobre inovação


Especialistas debateram em seminário desafios para inovação tecnológica.
Eles discutiram formação de pessoas e fontes de recursos para pesquisas.


Cientistas defenderam nesta quinta (14), em seminário sobre os desafios da inovação tecnológica, mais investimentos em educação e a popularização das ciências exatas como meios para desenvolver a pesquisa científica no país.

O evento "Caminhos para Inovação", realizado pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) do Senado, teve a participação de autoridades do governo, representantes de instituições de pesquisa e docentes de universidades nacionais e internacionais na área de ciências exatas.

O professor Marcelo Gleiser, que leciona astronomia e física no Dartmouth College, em New Hampshire, nos Estados Unidos, afirmou que a divulgação das ciências e o reconhecimento dos cientistas atrairia novos talentos para a área da pesquisa.

"É preciso desmistificar a carreira do cientista. Eu cresci sem conhecer um cientista. A verdade é que nenhum cientista visita uma escola para dizer o que é ser cientista. O cientista é uma incógnita. [...] Falta popularização. As pessoas precisam saber o que os cientistas estão fazendo, quais são as grandes descobertas que estão sendo feitas aqui", disse.

Gleiser também defendeu uma mudança na educação do país. "Tudo em ciência e tecnologia começa com a educação de jovens. É absolutamente essencial repensar a educação para o progresso da ciência. [...] A maioria dos professores que ensina ciência não sabe ciência ou não tem paixão. O professor que não tem paixão não vai saber ensinar e nem inspirar o aluno a querer aprender. [...] O melhor laboratório para ensinar a ciência é num parque, mostrar o céu, árvores, solo. Toda a ciência está ali", disse.

O senador e professor Cristóvam Buarque, presidente em exercício da Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado, enfatizou a necessidade de se incentivar a inovação a partir da educação de base.

"As pessoas não percebem que é preciso incentivar a inovação na educação de base, como se ciência e tecnologia começasse no cientista e não na criança. [...] Não esqueçam que ninguém nasce cientista. Se uma professorinha no interior da Alemanha não tivesse ensinado as equações a Einstein, ele não nasceria cientista", declarou.

Marcelo Sampaio de Alencar, professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (DEE-UFCG), disse que o Brasil "não produz engenheiros", essenciais, segundo ele, para a inovação tecnológica.

"A China tem 600 mil engenheiros por ano. O Brasil tem 40 mil. Isso é irrisório. É preciso estimular. É mais fácil estudar poesia, música, direito. Colocamos mais de 200 mil advogados no mercado e não tem mercado para tanta gente. O advogado tem sua função, mas não produz inovação. O Brasil precisa de físicos, químicos e engenheiros. Precisa estimular que o estudante vá para a área de ciências exatas", afirmou.

Programa de bolsas no exterior

O secretário-executivo do Ministério de Ciência e Tecnologia, Luiz Antonio Elias, que representou o governo no seminário, afirmou que o programa Ciência sem Fronteiras, que tem por objetivo distribuir cerca de 100 mil bolsas de estudo no exterior para estudantes brasileiros, incentiva a inovação no Brasil.

Ele disse que o governo federal tem avançado em relação à criação de um ambiente favorável para a pesquisa no Brasil, mas destacou que as empresas privadas também devem partipar.

"É necessário que se compreenda que o risco do processo de investimento é um ganho de produtividade na ponta", disse.

Glaucius Oliva, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), destacou números que mostram o aumento de mestres e doutores no Brasil, mas afirmou que o contingente ainda é baixo na comparação com outros países desenvolvidos e em desenvolvimento, como a China. Ele também citou o Ciência sem Fronteiras e apontou a necessidade de investimentos em educação.

"Não haverá grupos de pesquisa se não tivermos jovens para alimentar [os grupos]. O ensino fundamental e médio são fundamentais para esse programa [Ciência sem Fronteiras]."

Para Segen Farid Estefen, diretor de Tecnologia e Inovação do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), embora o Ciência sem Fronteiras seja positivo, o governo precisa valorizar também as instituições nacionais.

"O Ciência sem Fronteiras é altamente bem-vindo, mas as instituições nacionais têm que ter protagonismo em relação ao programa", afirmou.

 

 

Fonte: G1

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