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10/03/2011 17h58

Coluna A riqueza da poesia é eterna!

Coluna: A riqueza da poesia é eterna! por José Luiz Ayres

por José Luiz Ayres


Aproveitando a citação elogiosa do leitor Daniel Teixeira, a qual me deixou lisonjeado ao tê-la na seção Cartas à Redação – onde o faço, como revelou, recordar-se um pouco do passado a trazer talvez em devaneios, nostálgicos e saudosos momentos que ainda perpetuam pelo lirismo no seu romântico sentimento – passo a narrar um episodio bem correlato, o qual tive o prazer, não como abelhudo em presenciar, quando participava do passeio turístico no Trem das Águas em São Lourenço.


Sentada na poltrona à minha frente uma “bem vivida” senhora, fala ao celular com uma amiga mantendo o seguinte dialogo, ou talvez monologo.


– Alô... Alô... E você Paulina? Como vai amiga?... Aqui é Marina, tudo bem? Sim, claro, já estou recuperada, graças a Deus. Então, quando vai sair desse marasmo? Pode sim mulher... Tá, compreendo, mas a vida e para se viver enquanto tivermos saúde! Ora ... que bobagem, está velha nada, pois temos a mesma idade e estou aqui adorando curtir São Lourenço. Eu vim com minha filha e neta! Paulina, advinha onde estou agora? Ah, ah, ah... Que hotel mulher! Eu sou lá de me enfurnar em quarto de hotel? Imagina! Quero mais é curtir o passeio. Claro. Sei... Sei, é lógico, tem razão, tudo ao seu tempo. Mas sabe onde estou agora? Imagine você: viajando na máquina do tempo, retrocedendo aos idos da década de 30! Ué, não acredita? Não se lembra mais das nossas viagens ao colégio Lafayette, no Rio de Janeiro, quando semanalmente embarcávamos no trem em Paraíba do Sul? Ah!... lembrou NE?... Pois neste exato momento viajo no Trem das Águas, igualzinho ao do nosso tempo. Não... Não diga isso! Não acredito que pense assim. Não, não concordo. O passado e a saudade fazem parte da vida, eles trazem as nossas historias, principalmente quando buscamos à memória recordações que perduram vivas e passam a ser avivadas ao encontrarmos instantes como este, que ora vivencio às janelas desse vagão, a discortinar imagens como presencio, vendo. O rio verde serpenteando as montanhas, o gado pastando, as fazendolas e simples casas onde ao varal roupas multicoloridas ficam a secar ao sol, as árvores majestosas, os pássaros, o ranger do madeirame do vagão, o zunido agudo das rodas sobre os trilhos, a fumaça lançada da chaminé a toldar o céu com o perfume da lenha que arde à locomotiva, o apito lamentoso talvez pelo açoite da vegetação margeante  ao leito como chibatadas fossem, enfim isto e poesia pura aos nossos olhos, não acha? Ah!... amiga Paulina... você vai adorar! Que emoção! Um momento. Vou ter que desligar, pois minha neta me chama, porque dois violeiros acabam de chegar e certamente nos brindarão com suas canções. Mais tarde ligarei para te contar como foi o belo passeio. Tchau! Beijos!


Pois é Daniel... como vê, esta senhora, como você, também viveu o seu sonho real a bordo do Trem das Águas, rebuscando na mente adormecida pelo tempo fragmentos do passado onde o lamento da saudade é amenizado pela janela de um vagão em que a riqueza é desfrutar da visão ainda proporcionada no século 21...

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