Governo anuncia criação de grupo da Força Nacional para atuar no bioma.
Em setembro, Deter registrou desmatamento de 282 km² na Amazônia.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, anunciaram nesta terça-feira (9) a criação de um grupo da Força Nacional de Segurança que será voltado exclusivamente para combater o desmatamento na Amazônia.
De acordo com os ministros, que concederam entrevista em Brasília, a tropa já começou a atuar no fim de agosto na região da Amazônia Legal (que abrange nove estados), quando o desmatamento na floresta triplicou em relação ao mesmo período do ano passado - aumento de 220%, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
No entanto, o governo não informou detalhes sobre a operação, como número de homens e região de atuação, alegando questões de segurança.
"A lógica que pretendemos utilizar é a da integração. Integração dos orgãos do Meio Ambiente, das Forças Armadas, do Ministério da Jusitça, da Polícia Federal, com uma novidade. A criação de um grupamento especial da Força Nacional de segurança para atuar permanentemente nessa área. É um elemento inovador. Não que ela vá atuar sozinha. É justamente mais um elemento nesse processo de integração", explica o ministro da Justiça.
"Estamos vendo que temos que sofisticar cada vez mais a fiscalização ambiental. O crime organizado evoluiu, temos que estar à frente deles. Faremos isso com nossas ações integradas. Esse é um esforço do governo federal. Reduzir o desmatamento na Amazônia é prioridade zero do governo", afirmou a ministra do Meio Ambiente.
Compartilhamento de informações
Também foi anunciada a criação de um programa de cooperação entre Exército e órgãos de fiscalização ambiental para a proteção da Amazônia que será chamado "Proteger Ambiental".
Segundo Izabella Teixeira, o "Proteger Ambiental" prevê o compartilhamento de estruturas das Forças Armadas com órgãos ambientais para desenvolver ações de combate ao desmatamento. Equipes de inteligência do Exército estarão a serviço das ações no bioma, de acordo com a ministra. O programa deve ser instituído por decreto, que será publicado no "Diário Oficial da União" ainda nesta semana.
"Anunciamos uma nova estratégia ambiental federal na Amazônia, que passa a ser em caráter permanente e ostensivo. Exército e Ministério da Defesa vão participar numa estratégia permanente de atuação na Amazônia e uso da inteligência federal. Vamos combater o desmatamento com um novo patamar de ações", explica a ministra.
Ibama e Inpe
O Ministério do Meio Ambiente informou ainda que o Inpe e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) passarão a compartilhar estruturas e informações sobre ocorrências de desmatamentos. Segundo Izabella, o Ibama passará a ter acesso mais ágil aos dados de satélite do Inpe para facilitar a verificação "in loco" das áreas desmatadas.
Ainda na coletiva a ministra informou que o desmatamento na Amazônia Legal foi de 282 km² no mês de setembro -- uma queda de 45% em relação a agosto (522 km²), considerado o pico do desmatamento no ano de 2012. Entretanto, na comparação com o mesmo período do ano passado houve aumento de 11%.
Os dados são do sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real, o Deter, que usa imagens de satélite para analisar a degradação da floresta.
"O pico de agosto está muito ligado à degradação. Tivemos uma seca forte e atípica neste ano, que favoreceu as queimadas. As áreas onde houve o desmatamento nos sugere ainda que sejam áreas de exploração ilegal. Essas áreas estão sendo usadas para plantio de soja e, em alguns casos, exploração de ouro", explicou a ministra.
Fonte: G1