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28/12/2012 10h26

Dr. José Origenes Penha


Nasceu em São Vicente de Minas, no dia 26 de fevereiro de 1923. Filho de Orígenes Penha de Andrade e Maria Ester Vilela, era o único filho homem da família.


Viveu sua infância na fazenda onde nasceu. Teve que conviver, ainda jovem, com algumas dificuldades, entre as quais a doença séria do pai e a morte prematura de uma de suas irmãs.


Seus primeiros estudos foram feitos em São Vicente. Concluída esta etapa foi estudar em São João Del Rei, no Colégio Santo Antônio, de onde se dirigiu a Belo Horizonte, pois pretendia se dedicar ao curso que garantisse seu ingresso na Faculdade de Medicina. Isto só foi possível porque ele vendeu a parte da herança que lhe cabia para custear sua vida em BH.

Foi convocado a prestar o Serviço Militar no CPOR por já estar cursando medicina.

Com a Guerra Mundial foi enviado para Três Corações a fim de se disponibilizar caso houvesse uma eventual participação no combate. Em 1949 concluiu o curso de medicina.


Em Belo Horizonte morou no bairro Santa Efigênia, próximo à escola em que estudava e conheceu a jovem Teresinha Alice Álvares Neuenschwander, com quem se casou no ano de 1950. Retornando à sua terra natal trabalhou como médico por algum tempo. De sua união com D. Teresinha nasceram seus oito filhos: Marco Antonio, José Orígenes, Maria Alice, Maria Lucia, Paulo Eduardo, Carlos Orlando, Teresa Cristina e
Silvio Túlio.

Mudou-se para Cruzília para atender pessoas ligadas à antiga UDN. Passou então a atender não só os udenistas, mas a todos que o procuravam, principalmente os menos favorecidos, e não deixava que estes ficassem sem medicação. Tinha uma conta na farmácia só para isso.

Cuidava da saúde de todos, sem distinção, a qualquer hora do dia e aceitava qualquer oferta como pagamento pelas consultas. Além do atendimento na cidade, todos os dias, na parte da tarde ia atender nas fazendas. Depois dos compromissos, na companhia do Sr. Cícero e o Tião Grota, aproveitava para uma pescaria ou uma caçada de codorna ou perdiz (naquele tempo podia!).

Foi um dos responsáveis pela abertura do Hospital Dr. Cândido Junqueira, onde trabalhou durante toda a sua vida com admirável doação. Além do hospital, trabalhava em seu consultório particular e no posto de saúde. Foi no serviço público que ele manifestou sua dedicação de médico às pessoas menos favorecidas. Atendia a todos, mesmo ultrapassando em muito a cota do dia.

Não gostava de receitar apenas o remédio, mas combater a origem das doenças, principalmente aquelas causadas pela falta de saneamento básico. Por sua bondade, paciência e atenção às pessoas ficou conhecido como o médico dos pobres.

Aposentou no serviço público na década de 80.


Fora da medicina participou ativamente da vida social de Cruzília. Foi presidente do Clube Recreativo Encruzilhadense (CRE), promovendo memoráveis bailes nas festas de janeiro.

Foi um dos fundadores do Rotary Club de Cruzília e presidiu este clube de serviço
por algum tempo.

Gostava de futebol. Torcia pelo Botafogo e América mineiro. Ainda quando estudante em BH, assistiu o jogo entre Estados Unidos 1 X 0 Inglaterra, pela Copa do Mundo de 1950, uma das maiores zebras das Copas. Em Cruzília não tinha preferência por nenhum time e fazia questão de atender a todos os jogadores, tanto do Sete de Setembro quanto do Ypiranga, sem cobrar nada.


Foi vereador e prefeito de Cruzília. Aceitou candidatar-se a prefeito depois de conseguir a união de todos os partidos. Era dotado de espírito conciliador. Venceu a eleição para o período 60/64, mas com o golpe de 64, por ser funcionário público, foi obrigado a renunciar. No pouco tempo de mandato deu inicio às negociações para a
implantação da Cemig no município.


Além de médico brilhante, era também um homem de convicções religiosas inabaláveis. Houve uma passagem em sua vida que muitos cruzilienses desconhecem, mas que comprovam sua dignidade e fé em Deus. Foi impedido de freqüentar a Igreja de Cruzília por ordem do pároco da época, com o qual se desentendeu. Porém, tal proibição não o abalou. Participava das missas dominicais juntamente com a família, às escondidas,
ficando discretamente atrás de uma das colunas da igreja.


Manteve-se firme e confiante quando precisou lutar contra alguns problemas de saúde em família. Primeiro o de sua esposa, que por 15 anos enfrentou um câncer de mama. Juntamente com os filhos acompanhou-a e deu todo apoio no doloroso tratamento.


Ficando viúvo, casou-se com Rita Edméa Andrade Meirelles e mudou alguns de seus hábitos, inclusive o de morador da cidade.


Sofreu um infarto e foi levado para São Paulo, onde passou por uma cirurgia. Diminuiu seu ritmo de trabalho, mas continuou visitando o hospital e atendendo um ou outro paciente. Passava a maior parte do tempo na fazenda Angai, onde no dia 20 de janeiro de 1990 sofreu outro infarto, desta vez fulminante, vindo a falecer ali mesmo onde se encontrava.


Deixou para os filhos um legado de caráter, honestidade, amor à profissão e grande conciliador. Sua vida de homem íntegro e médico competente sempre será lembrada por seus familiares, amigos e pelo povo de Cruzília, que respeita e sabe valorizar os grandes homens que se dedicaram a esta terra.

Por Marco Antonio Neuenschwander Penha

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