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14/11/2014 18h40

Famílias começam a deixar condomínio invadido no Rio

As primeiras das 200 famílias que no último sábado ocuparam ilegalmente um condomínio do Minha Casa Minha Vida (MCMV) começaram nesta sexta-feira, 14, a deixar os apartamentos, em Guadalupe, na zona norte do Rio. Após 20 minutos de conversa com os moradores, o comandante do batalhão de Polícia Militar da área afirmou acreditar numa desocupação pacífica tão logo chegue o oficial de Justiça com a decisão de reintegração de posse em mãos. Isso deve acontecer até segunda-feira, 18. Uma operação policial, entretanto, ainda não está descartada.

Na terça-feira, 11, um traficante segurando um fuzil foi flagrado circulando pelo condomínio e, no dia seguinte, homens armados foram vistos na mata do morro ao lado. Entretanto, para o comandante do 41º BPM (Irajá), tenente-coronel Luiz Carlos Leal, e os criminosos não estão entre os ocupantes dos 240 apartamentos.

"Aqueles traficantes passaram pelo condomínio, e nós então colocamos diariamente duas viaturas (e um 'caveirão') aqui para impedir que eles voltassem e se misturassem aos moradores", disse o militar. O oficial entrou sozinho para conversar com as famílias e, no fim, foi aplaudido pelos invasores.

Representante das famílias, a professora de capoeira Celi Santana confirmou que criminosos estiveram nos prédios logo após a ocupação, mas negou que o movimento tenha sido ordenado por eles. "Não podemos impedir a entrada deles (traficantes). Como aqui a área é dominada pelo Comando Vermelho, eles vieram para saber se não se tratava de uma invasão de facção rival", disse.

A maioria dos ocupantes veio da favela do Gogó, que fica literalmente ao lado do condomínio e faz parte do complexo de comunidades do Chapadão. A área ainda não tem Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) e hoje a principal região de confrontos entre policiais e traficantes no Rio.

"Os prédios estavam prontos havia oito meses, sem ninguém dentro. E nós morando no lixo, logo ao lado. Queríamos um Natal digno este ano, colocar a ceia tranquilos na mesa, sem medo do teto desabar com a chuva", disse Celi.

O comandante do 41º BPM criticou o que chamou de "falha de comunicação" da Prefeitura. "Constrói um condomínio ao lado da favela, o morador acha que é para ele. Tem de explicar melhor, e estou dizendo isso hoje aos moradores, que podem se cadastrar no MCMV".

Os prédios foram construídos pela empresa BR4 e estavam em fase de "legalização" segundo a Caixa Econômica Federal, que contratou a construtora. Em dezembro, seriam entregues à Prefeitura do Rio, que informou já ter "sorteado" os futuros moradores, na faixa de renda de até três salários mínimos.

Nesta sexta, os ocupantes permitiram a entrada da imprensa no condomínio e protestaram contra o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), que esta semana os chamou de "malandros e vagabundos". "Aqui tem pais e mães de família, trabalhadores. Nenhum de nós era vagabundo quando vieram aqui há dois anos pedir voto pra ele", disse o pintor Helivelton Silva, de 24 anos.

Além de sujos, com poeira e lama na maior parte do piso, os prédios estavam nesta sexta com janelas quebradas.

Fonte: Estadão Conteúdo
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