Irmão Pascoal (Silas) foi uma pessoa muito boa e que me marcou positivamente também. Cheguei a encontrá-lo no Rio, posteriormente, algumas vezes. Com onze anos, em 1958, tinha algumas dúvidas sobre o sexo e era com ele que ia esclarecer.
Parece que era uma pessoa menos bitolada em relação ao assunto. Era o encarregado do cinema do colégio. Um dos filmes de que me lembro ter assistido ali em uma noite de maio daquele ano, foi o épico “A Guerra dos Mundos”, que narrava uma invasão da Terra por marcianos. Lembro-me de que também ele em algum momento de minha estada lá tratava do assunto fotografias.
Anos atrás, descobri-o através da maravilhosa Internet, em Uberaba, no Colégio Marista. Trocamos alguns emails, mas tempos depois soube que estava com Mal de Parkinson. Hoje não sei se ainda vive.
Irmão Mário Esdras (Mestrinho). Ficou em Varginha por várias décadas, estando lá sepultado. Ao contrário da maioria deles que estão num cemitério particular em Mendes, Estado do Rio. Existe até escola e rua com o nome dele na cidade. Foi o primeiro que conheci, pois recebeu-nos, papai, meu irmão e eu, no dia 1.1.58 quando chegamos lá pela primeira vez.
Irmão Fidélis, professor de Matemática, espanhol como alguns outros. Injusto como poucos, foi uma das pessoas mais parciais que conheci. Cheio de preferências. Faleceu no Rio, há poucos anos. A única vez em que teve uma atenção comigo foi para agradecer e pedir que eu repetisse umas músicas espanholas que tinha colocado para tocar no dia anterior (no alto-falante da rádio da Divisão dos Menores, chamada PRJK da qual eu tomava conta, a pedido do irmão Tomás, nosso regente). Aí, veio sua frase:
Ontem, você andou colocando umas músicas que me agradaram bastante. Poderia repeti-las hoje?
Tivemos várias brigas feias.
Irmão Egídio. Foi a pessoa que mais teve caspa que já vi, mesmo tratando deste problema, anos depois, como médico. Sua batina preta ficava cobertinha com aquele pó. Se passasse uma vassoura a cada dia, acho que saía mais de um quilo. Se fosse ouro, ele estava rico...
Irmão Carlos Borges (Cacá), regente dos maiores em 1960, fanático pelo JK (não é à toa que seu apelido era Cacá). Tinha estatura média, cabeça redonda, usava óculos, era uma pessoa simpática, mas não tivemos muito contato.
Irmão A, era regente dos menores em 1961. Briguei muito com ele. No fim, ficamos amigos e mesmo depois de deixar Varginha, nos correspondemos durante muito tempo, até que ele abandonasse a ordem. Vascaíno, tinha uma letra linda.
Uma das suas maiores tristezas foi na época da renúncia do Jânio Quadros, quando me pediu emprestada uma revista especial sobre o tema. Eu queria guardá-la em meu arquivo. Acabou perdendo a revista, que nunca foi devolvida. Mas sou testemunha do quanto ele sofreu com isto. Um problema sem solução... Na minha despedida do internato, deu-me uns selos da Austrália. Quisera, certamente, compensar a revista perdida. Até hoje tenho vontade de reencontrá-lo. Cheguei a pesquisar se não teria telefone em diversas cidades onde imaginei que pudesse estar. Em vão.
(Anos depois de publicar o livro onde está escrito tudo isso, recebi a visita de um ex-irmão, residente em Brasília e que não conhecia. Então, soube que o irmão A, cujo nome omito agora, deixara a congregação, se casara e se tornara psicólogo na capital brasileira. Um dia, foi traído pela esposa e se separou, sendo encontrado morto por suicídio em seu quarto, tempos depois...)
(continua)