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04/11/2014 21h50

Início de operação da Abreu e Lima é novamente adiado

Principal alvo de investigações da Operação Lava Jato, a Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, terá o início da produção novamente adiado, após dois anos de atraso, mais de 150 aditivos contratuais e um orçamento cinco vezes maior que o planejado pela Petrobras. O entrave, agora, é a licença de operação dada pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP).

A Petrobras previa para esta terça-feira, 4, o início do processamento de óleo diesel, com o objetivo de aliviar o custo das importações do combustível. Mas a empresa ainda não entregou à agência reguladora toda documentação necessária para que a autarquia avalie e autorize a produção. Segundo a ANP, não há prazo definido para a liberação da licença.

A estatal informou que a refinaria está na "fase final de pré-operação", tendo recebido licença ambiental de operação no dia 30 de outubro. No comunicado, a estatal avalia que espera receber a liberação ainda na primeira quinzena de novembro.
Inicialmente orçada em US$ 2,3 bilhões, a obra já custou mais de US$ 18 bilhões.

Até a operação plena, em 2015, ainda deverá consumir mais R$ 1,65 bilhão, segundo balanço do Ministério do Planejamento sobre as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O Tribunal de Contas da União (TCU) identificou, até abril, desvios de R$ 367 milhões no projeto. Só em aditivos contratuais foram solicitados, pelas empresas contratadas, cerca de R$ 1 bilhão.

O orçamento ligado à diretoria de Abastecimento, foi descrita pelo ex-diretor da área, o delator Paulo Roberto Costa, como uma "conta de padeiro". Para a presidente da companhia, Graça Foster, a refinaria é um caso que deve ser estudado para jamais ser repetido.

Instalada no município de Ipojuca, em Pernambuco, junto ao Complexo de Suape, a refinaria foi anunciada pelo então presidente Lula em 2005. Ela seria construída em parceria com a venezuelana PDVSA, em projeto negociado diretamente com o ex-presidente Hugo Chávez.

Em 2007, a obra foi incluída no plano de investimento da estatal e as obras foram iniciadas dois anos depois. A previsão era inaugurar em 2012, mas a indefinição sobre a parceria com a companhia venezuelana e falhas no projeto original levaram a constantes atrasos. Somente em outubro de 2013 a PDVSA oficializou que não participaria do projeto.

A última previsão de inauguração aconteceu em agosto, quando o atual diretor de Abastecimento, José Carlos Consenza, anunciou a data desta terça-feira. Ainda assim, o início seria parcial e a plena capacidade da refinaria só seria alcançada em 2015.

Agora, a previsão é que mesmo após o início da operação, com a circulação de gás pela estrutura, o processo de refino ainda passaria por outras etapas antes de ser encaminhado ao mercado, o que só aconteceria em janeiro.

Procurada, a Petrobras descreveu a situação atual da refinaria. " As caldeiras a óleo combustível foram acesas e o vapor gerado está sendo utilizado para a limpeza das tubovias e linhas de vapor das unidades de processo do primeiro trem de refino (conjunto de unidades)", informou.

Fonte: Estadão Conteúdo
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