27/10/2014 08h35
Integrantes de CPI são acusados de extorsão em SP
Um funcionário da Prefeitura de São Paulo e um assessor parlamentar do vereador Eduardo Tuma (PSDB) foram flagrados tentando extorquir R$ 15 mil de um comerciante durante o andamento da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos alvarás, segundo reportagem do Fantástico, neste domingo, 26. O vereador presidiu a comissão que, ao final, apontou que mais de 80% dos estabelecimentos não têm licença para funcionar.
De acordo com a reportagem, um comerciante alvo da investigação da CPI, que tinha irregularidades no alvará, foi abordado por Antônio Pedace, assessor do gabinete de Tuma, e Roberto Torres, servidor ligado à Secretaria Municipal de Licenciamento, e revelou o esquema.
A Controladoria-Geral do MunicÃpio investiga o funcionário da Prefeitura, enquanto o Ministério Público Estadual (MPE) apura se houve uma formação de máfia durante a CPI. Os dois envolvidos trabalhavam como fiscais da comissão.
Pedace e Torres prometeram dar baixa no processo administrativo para a emissão do alvará do comerciante. O empresário estava sem alguns certificados, como o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB). A dupla investigada visitou o estabelecimento do comerciante no dia 15 de agosto e disse ter encontrado oito irregularidades. Marcou-se então um encontro, no dia 8 de setembro, em uma sala no subsolo da Câmara.
A reunião não fez parte da agenda da CPI. Mesmo assim o empresário levou os documentos do estabelecimento. Na conversa, Pedace fala que o comerciante precisa de um "laudo" e, com Torres, oferece o serviço de uma arquiteta.
"Como eu sou membro técnico (da CPI), eu assino, mando para a secretaria (de Licenciamento) e acabou", afirmou Torres, durante a gravação feita pelo Fantástico. "Tem o carimbo e tudo. A gente dá baixa e põe no arquivo."
'Presente'
Eles citam uma engenheira para a qual o comerciante teria de pagar R$ 15 mil - ela já teria feito outros serviços na área. O comerciante tenta negociar o preço. No dia seguinte, o assessor de Tuma indica o engenheiro Marcos Peçanha, que cobraria R$ 13 mil pelos laudos e, segundo a reportagem, trabalha em uma sala no centro que é de propriedade de Torres.
O engenheiro sugere ao comerciante que parte do dinheiro vai para Tuma, como "presente". O gabinete do vereador Eduardo Tuma informou que Pedace será "exonerado do cargo". Em nota, a assessoria do parlamentar disse não ter conhecimento do esquema e repudiou "a ilegal utilização" do nome de Tuma "para a obtenção de vantagens e favorecimentos". O jornal O Estado de S. Paulo não localizou os demais envolvidos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão Conteúdo