31/03/2023 21h10
Jurerê Internacional: Justiça manda suspender alvará de 5 beach clubs
Uma decisão da Justiça Federal de Santa Catarina mandou suspender os alvarás de funcionamento de cinco beach clubs na praia de Jurerê Internacional, em Florianópolis (SC). A decisão do juiz Marcelo Krás Borges, da 6ª Vara Federal da capital catarinense, onde tramitam processos ambientais, é da quarta-feira, 29.
Os estabelecimentos Acqua, Ammo, Café de la Musique, Donna e 300 Cosmo continuavam em funcionamento até a tarde desta sexta-feira, 31. O fechamento depende de notificação da prefeitura, que pode ocorrer até a segunda-feira, 3. As empresas informaram que vão recorrer da decisão.
Os beach clubs foram condenados em 2016 em uma ação civil pública, movida pelo Ministério Público Federal (MPF) e a Associação de Moradores de Jurerê Internacional, que pedia a demolição de estruturas dos estabelecimentos instalados na praia por causa de danos ambientais e por barrar o acesso da população ao local. O processo transitou em julgado após passar por todas as instâncias.
Durante a disputa judicial, que ocorre há mais dez anos, um acordo foi firmado entre as partes para que adequações fossem feitas em relação à s estruturas construÃdas na praia. Na decisão de quarta, o juiz obrigou que os beach clubs comprovem o cumprimento da ordem de retirada dessas estruturas e a cumprir "os exatos termos da decisão de que não cabe mais recurso". "O cumprimento da decisão transitada em julgado deve respeitar o que foi firmado no Termo de Ajustamento de Conduta", afirmou o magistrado.
A decisão, proferida em cinco processos de cumprimento de sentença, também condenou as empresas por litigância de má-fé, "tendo em vista as inúmeras e injustificadas protelações no cumprimento das ordens judiciais". A multa pelo descumprimento da ordem foi aumentada para R$ 200 mil.
'Decisão despreparada e destemperada'
O advogado Lucas Dantas Evaristo de Souza, que defende os cinco beach clubs nos processos, considerou a decisão de cassação dos alvarás dos estabelecimentos "despreparada e destemperada". "A gente não vai se dar por satisfeito, não concordamos com a decisão, que saiu de forma despreparada e destemperada. É uma decisão arbitrária. Vamos buscar alternativas de revertê-la. Ou é isso ou aceitar que as portas sejam fechadas e isso não dá pra permitir", afirmou ao Estadão.
Para ele, a Justiça ignorou todos os argumentos da defesa e determinações que foram cumpridas em mais de um ano de negociações sobre a retirada das estruturas. "Aquilo que não tinha discussão foi retirado. Juntamos relatórios e fotos", explicou. "As demais adequações, que ainda têm que ser feitas evidentemente, estamos abertos a fazer", disse o advogado.
Dantas afirmou também que há necessidade de nomeação de perito com capacidade técnica para avaliar o que precisa ser feito nos locais, em relação ao acordo firmado. "Cada parte tem seus argumentos. O Ibama queria algo a mais e para nós não fazia sentido nos termos da decisão. Ignorar o que já foi feito e decidir de forma gravosa causa prejuÃzo enorme ao municÃpio e aos beach clubs", disse.
Fonte: Estadão Conteúdo