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14/10/2022 15h00

Meningite: entenda as recomendações das vacinas disponíveis na rede particular

Embora as crianças e os adolescentes permaneçam sendo o principal público-alvo de campanhas de vacinação contra a meningite, diante dos casos da doença em São Paulo, outros grupos também devem ficar atentos à importância da imunização. A grande preocupação, segundo especialistas, é que a meningite meningocócica pode ter evolução muito rápida para a forma grave da doença. Em razão de maiores riscos de infecções, é fundamental que os pacientes imunocomprometidos também procurem se vacinar contra a doença.

A meningocócica ACWY pode ser aplicada em qualquer idade a partir dos 3 meses de vida. No caso dos idosos, a restrição de idade é para a aplicação da meningocócica B.

Para Ana Paula Moschione Castro, doutora em pediatria, especialista em alergia e imunologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e diretora da Clínica Croce, a vacina conjugada contra a meningite meningocócica ACWY é a de melhor custo benefício. "Ela pode ser aplicada a partir de 3 meses de vida e não há limite de idade na fase adulta. Além do calendário vacinal de crianças e adolescentes, os adultos também devem ter pelo menos uma dose na vida adulta, especialmente aqueles que nunca se vacinaram. Já no caso da meningocócica B, esta vacina é dada na infância e está liberada também para adultos até 50 anos de idade", afirma ela.

Fernanda Gomes, enfermeira e diretora da Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (ABCVAC), destaca que os pacientes imunocomprometidos devem ser imunizados. "Todos que tiverem interesse (e não estão cobertos pela rede pública) podem procurar a rede privada para tomar a vacina. A imunização contra a meningite é recomendada a partir dos 3 meses de vida até adultos. Não há contraindicação para imunocomprometidos", reforçou ela.

"No Brasil, há vacinas licenciadas contra a meningite meningocócica ACWY, por exemplo, que não têm limite de idade, mesmo idosos podem receber. Também não há problema quanto alteração da imunidade, pois as vacinas contra doenças meningocócicas são inativadas", afirma Cláudia Cavalcante Valente, membro do Departamento Científico de Imunização da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai). "Mesmo pessoas realizando tratamento contra câncer ou imunodeprimidas podem e devem receber a vacina. Pessoas que costumam viajar também devem ser imunizadas."

Os especialistas recomendam seguir a orientação médica e buscar orientação sobre as imunizações que cada um pode receber.

O que é meningite?

A meningite meningocócica é transmitida por um grupo de bactérias chamadas meningococos, e provoca inflamação na meninge, membrana que envolve o cérebro e a medula espinhal. As meningites podem ser causadas por infecções de vários microrganismos, como fungos, vírus e bactérias. A transmissão se dá por meio das vias respiratórias, ou seja, pelo ar. Pode deixar sequelas neurológicas, auditivas e dores crônicas.

No Brasil, o mais comum é o tipo C (que envolve 80% dos casos), seguido do tipo B. Os tipos A, W e Y são menos frequentes. As vacinas são consideradas a melhor forma de prevenção contra a meningite e são específicas para cada sorogrupo.

Meningocócica C versus meningocócica ACWY

Na rede privada, a vacina que inclui o tipo C é a conjugada quadrivalente ACWY, ao custo médio de R$ 360 por aplicação. Geralmente, é administrada em três doses até 1 ano de idade, dependendo da marca da fabricante. Também é recomendado um reforço entre os 5 e 6 anos e outra dose aos 11 anos. Pode ainda ser aplicada em adultos, em idosos e pessoas imunocomprometidas.

Na rede pública, a vacina contra a meningocócica C (Conjugada) é administrada em duas doses, aos 3 e aos 5 meses de idade, e um reforço preferencialmente aos 12 meses de idade. Conforme extensão de público-alvo, caso a criança até 10 anos não tenha se vacinado, deve tomar uma dose do imunizante. Até fevereiro de 2023, trabalhadores da saúde também recebem a vacina pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Já a vacina meningocócica ACWY está disponível no Calendário Nacional de Vacinação para adolescentes entre 11 e 12 anos, mas, até junho de 2023, quem tem entre 13 e 14 anos também poderá receber a dose. Em crianças menores, a meningocócica ACWY não está disponível na rede pública.

"São vacinas que estão no calendário da criança, do adolescente, do adulto e do idoso. Infelizmente, o adolescente e o adulto não têm o hábito de se vacinar. Mas em qualquer momento da vida, a pessoa pode se imunizar contra a doença", orienta Fernanda.

Meningocócica B

Embora esteja atrás somente do tipo C em número de casos, em média 20%, a meningocócica B está disponível apenas na rede particular. Ela custa, em média, R$ 600 e é administrada em três doses entre 3 meses e 1 ano de idade. A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) também indica a imunização para grupos de alto risco, como portadores de HIV. Pode ser aplicada em adultos até 50 anos.

Outras vacinas

Protegendo contra pneumonia e também meningite, a vacina pneumocócica conjugada 13-valente (VPC13) está disponível na rede privada. Ela custa em torno de R$ 280. Geralmente, é administrada em quatro doses até 1 ano e 3 meses de idade, dependendo da marca da fabricante. Na rede pública, as crianças nesta mesma etária recebem a pneumocócica conjugada 10-valente (VPC10).

No SUS, a vacina que protege contra 13 sorotipos de pneumococos, está disponível somente para pessoas com idade igual ou maior a 5 anos de idade, incluindo adultos nas seguintes condições: com HIV/Aids, paciente oncológico, transplantados de órgãos sólidos e transplantados de células-tronco hematopoiéticas (medula óssea).

A vacina conjugada contra Haemophilus influenzae tipo b (Hib) está disponível na rede particular e pública. A proteção contra a meningite provocada pela bactéria Haemophilus influenzae tipo b pode ser aplicada individualmente, mas geralmente é administrada pela vacina hexavalente, que também protege contra difteria, tétano, coqueluche e hepatite B e poliomielite, ou pela pentavalente, que protege contra as mesmas doenças, exceto a polio. Geralmente é aplicada em crianças até 5 anos. Na rede particular, são quatro doses entre 2 meses e 1 ano e 6 meses de idade.

No SUS, está disponível em três doses: aos 2, 4 e 6 meses de idade. Pessoas com doenças que comprometem a imunidade ou a função do baço (órgão que tem papel fundamental na proteção contra essa bactéria), ou aquelas que tenham retirado cirurgicamente esse órgão, devem tomar a vacina. O imunizante custa cerca de R$ 150. O preço da pentavalente e hexavalente fica em torno de R$ 250 cada uma.

Na rede privada, a vacina pneumocócica 23-valente (Polissacarídica) é indicada para crianças acima de 2 anos, adolescentes e adultos que tenham algum problema de saúde que aumenta o risco para doença pneumocócica (diabetes, doenças cardíacas e respiratórias graves, pessoa sem o baço ou com o funcionamento comprometido do órgão, por exemplo) e para pessoas a partir de 60 anos como rotina.

Não é recomendada como aplicação de rotina em crianças, adolescentes e adultos saudáveis. O preço dela está em torno de R$ 200. No SUS, a vacina está disponível para toda a população indígena acima de 5 anos de idade, sem comprovação da vacina pneumocócica conjugada 10-valente (VPC10). Para a população a partir de 60 de idade, a revacinação é indicada uma única vez, devendo ser realizada cinco anos após a dose inicial.

Além das vacinas descritas acima, ao nascer toda a criança toma uma dose única da vacina BCG, que protege contra a meningite turberculosa. A imunização impede que o bacilo de Koch, bactéria responsável pela tuberculose, instale-se nas meninges. É dada na rede pública e também na maternidade gratuitamente. Em momentos em que está em falta e é recomendada a aplicação ao sair do hospital, pode ser dada na rede pública ou na particular. O custo na rede privada é em torno de R$ 130.

Bloqueio vacinal para conter surto da doença na zona leste
Após imunizar 30 mil pessoas, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) concluiu o bloqueio vacinal contra a meningite meningocócica nos distritos de Vila Formosa e Aricanduva, na zona leste de São Paulo, onde houve um surto localizado da doença. Entre 17 de setembro e terça-feira, 10, foram vacinadas na região 30.027 pessoas, sendo os adolescentes de 11 a 14 anos de idade com o imunizante meningo ACWY e os demais, nas faixas etárias de 3 meses a 10 anos e de 15 a 64 anos, com o meningo C.

Do início deste ano até terça-feira, foram registrados 58 casos de doença meningocócica na capital, enquanto de janeiro a setembro de 2019, houve 158 casos da doença. Até o momento, o número de óbitos soma dez casos em 2022, ante 28 entre janeiro e setembro de 2019.

Vale lembrar que apenas em situações excepcionais, como a do surto localizado que ocorreu nos distritos da Vila Formosa e Aricanduva, os imunizantes são aplicados em adultos pela rede pública. A exceção são profissionais de saúde, que podem ser vacinados mediante comprovante de vínculo empregatício em serviço de saúde do município de São Paulo. A vacinação desses profissionais está liberada até fevereiro de 2023.

Fonte: Estadão Conteúdo
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