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25/04/2013 09h34

Mídia, rentistas e tomates...

Economia monetária é explorada pelos banqueiros e especuladores financeiros.

por Odilon de Mattos Filho, de Andrelândia/MG

odilondemattos@ig.com.br

amidiaeapolitica.blogspot.com


Sabemos que no mundo capitalista uma das grandes forças econômicas é a economia monetária explorada pelos banqueiros e especuladores financeiros, os chamados rentistas, que na verdade não passam de agiotas legalizados.

No Brasil, esses rentistas por muito tempo, ganharam horrores de dinheiro se valendo dos altos juros praticados no país. A era FHC foi o auge para esses financistas, pois, a taxa Selic chegou a 85,74% e a menor foi de 15,07%. Contudo, com as eleições de Lula e Dilma esse panorama mudou significativamente: no governo Lula a maior taxa Selic foi de 26,35%, fechando o seu governo com uma taxa de 8,75%, e hoje está em 7,25%.

Diante desses números, e aproveitando-se de uma insignificante elevação da inflação, os rentistas, contando com o providencial apoio da “mídia nativa”, começaram acusar o governo com o falacioso discurso do descontrole inflacionário, afirmando a necessidade do aumento da taxa de juros para se controlar a infração, que teve no preço do tomate (R$ 10,00 o quilo), o grande exemplo dessa “disparada”. E para ilustrar tal sofisma contaram com a ajuda da caricata apresentadora Ana Maria Braga, que abriu o seu programa matinal com um colar de tomates insinuando que se tratava de uma joia rara.

Em ato contínuo, e aproveitando-se a deixa global, os jornalões e as revistonas não perderam tempo: a revista “Época” postou em sua capa uma foto de um tomate arrebentado com a seguinte manchete: “A AMEAÇA DA INFLAÇÃO”. Por sua vez, a revista “Veja” trouxe na capa um pé feminino pisando em um tomate e com a seguinte manchete: “DILMA PISOU NO TOMATE”.

Comentando essas matérias e utilizando o mesmo tom irônico da “mídia nativa”, o Portal “Brasil 247” postou: “Numa das campanhas mais patéticas já feitas pela mídia brasileira, lobistas que defendem a alta dos juros transformaram o tomate no grande emblema da inflação. A apresentadora Ana Maria Braga apareceu com um colar de tomates pendurado no pescoço para ironizar o preço. Mas a farinha de mandioca teve alta maior do que o tomate. Onde a madame colocou a mandioca?”

Diante dessa vil e melancólica campanha midiática, e não resistindo à pressão do capital financeiro, o Copom elevou a taxa de juros em 0,25%, um insignificante aumento, mas um significativo sinal do poder desses agiotas para garantir os seus “sagrados” rendimentos e ao mesmo tempo desestabilizar o Governo com vista às eleições de 2014, onde tentarão eleger os neoliberais e, como outrora, implantar o regime plutocrata buscando garantir seus exorbitantes lucros na ciranda financeira.

Aliás, comentando a submissão do Copom aos caprichos dos rentistas, as Centrais Sindicais assim se manifestaram: “A iniciativa do Copom de elevar as taxas de juros, tomada após forte pressão do mercado financeiro, premia banqueiros, especuladores e rentistas que vivem à sombra da dívida pública...Os interesses reais que orientam as pressões da mídia e do sistema financeiro são de outra natureza. Concretamente, a elevação da taxa básica de juros significa bilhões de reais a mais no bolso dos credores da dívida pública, principalmente banqueiros, que agora podem alegar novos motivos para ampliar o spread bancário e aumentar ainda mais as taxas extorsivas que cobram de empresas e consumidores...A nova orientação da política monetária traduz um retrocesso e deve ser repudiada e condenada pela classe trabalhadora..”

Em relação ao tomate, tema central desse texto e valioso acessório da “joia” de Ana Maria Braga, parece que hoje não passa de uma reles bijuteria frente à sua depreciação de 75%, fato, que comprova que a alta do preço dessa fruta não passou de problemas com a queda de sua produção (lei da oferta e da procura), muito diferente do “descontrole inflacionário” anunciado e tão desejado pelos rentistas e os novos lacerdistas de plantão.

Assim, e frente a tudo isso, só nos resta perguntar: será que o Banco Central se curvará às novas chantagens dos rentistas e da “mídia nativa”? E a dona Ana Maria Braga, onde enfiará o seu colar de tomates, agora que se descobriu que ele não passa de uma simples bijuteria?

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