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18/09/2014 09h10

Militância na favela do Rio vira filme

Há 15 anos, quando começou a militar em defesa dos direitos dos homossexuais no Complexo do Alemão, no Rio, Luiz Antônio Moura, conhecido como Guinha, via gays e transexuais ser espancados toda semana, no meio da rua, a mando de traficantes de drogas. "Para eles, policial, x-9 (delator) e gay eram a mesma coisa", lembra o ativista, fundador do Grupo Diversidade LGBT do Alemão, para quem a forte presença de igrejas evangélicas nas favelas é um combustível para a discriminação.

"Nos cultos, nos atacam abertamente. Se o gay for espírita ou umbandista, complica ainda mais." No conjunto de favelas da Maré, Gilmara Cunha (nascida Gilmar), que há oito anos criou a ONG Conexão G, também testemunhava agressões a jovens com pedras, pedaços de pau e sacos cheios de lixo. "Era isso todo dia, mas principalmente na ida e na volta dos bailes. Agora até acontece, mas o ambiente é muito mais saudável: ganhamos respeito", ela conta, orgulhosa ao dizer que a Conexão G é "a primeira ONG LGBT do Brasil em favela".

Os dois complexos da zona norte do Rio têm hoje suas paradas gays, das quais participam famílias inteiras, de dentro e de fora das comunidades - a do Alemão será no dia 28, com expectativa de reunir 5 mil pessoas; a da Maré foi no dia 7, para 15 mil.
O ganho em tolerância é resultado não só da evolução da sociedade, mas do trabalho diário de conscientização feito pelos militantes. As transformações são mostradas no documentário "Favela Gay", dirigido por Rodrigo Felha e produzido por Cacá Diegues e Renata Magalhães.

O filme, que vai estrear no Festival Internacional de Cinema do Rio, no mês que vem, perfilou 11 pessoas, de favelas de toda a cidade. Elas contam trajetórias permeadas por preconceito e piadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Estadão Conteúdo
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