O Museu Nacional do Cavalo Mangalarga Marchador é um presente não só para os apaixonados pela raça, mas para todos os apreciadores da história e da cultura brasileira. Localizado no centro de Cruzília, o Museu funciona no casarão da Fazenda Bela Cruz e abriga preciosos detalhes da raça Mangalarga Marchador, como fotografias, objetos, mobiliários, documentos sobre a raça, faixas, troféus, dentre outros artigos.
Inserido no Caminho Velho da Estrada Real, o Museu, que possui sede própria, apresenta como peculiaridade o caráter de primeiro Museu território do Brasil, um orgulho para o presidente da ABCCMM, Magdi Shaat. “O Museu é um sonho de todos os criadores. Ele vai agregar valor à nossa tradição e história e será um ponto de referência para as pessoas interessadas em resgatar a cultura nacional”, ressalta.
Além disso, o museu fortalece o turismo na região, conhecida por sediar tradicionais fazendas e haras referências na criação do cavalo Mangalarga Marchador. Além de o visitante conhecer a história da raça, ele terá à sua disposição três opções de roteiro de visitação a essas fazendas, cujo trajeto pode ser percorrido em veículo do museu ou particular, numa viagem prazerosa aos criatórios pilares da raça, em torno da cidade de Cruzília (MG).
Aprovado em maio de 2009, pelo Ministério da Cultura, o projeto recebe, além dos benefícios fiscais da Lei Rouanet, o empenho da equipe do Instituto Cultural Flávio Gutierrez (ICFG), presidido por Ângela Gutierrez, ex-secretária de Cultura do Estado de Minas Gerais.
Contratado exclusivamente pela ABCCMM, o ICFG atua na gestão executiva e realização de serviços de planos museológico e museográfico, coordenação do programa educativo, coordenação e gestão do projeto, acompanhamento financeiro e prestação de contas para a implementação do Museu. Ângela entende que o local contribuirá expressivamente para a cultura nacional. “Vejo que a raça Mangalarga Marchador é importante não só na atualidade, mas em nosso passado. É por isso que reconheço a riqueza e a importância deste conteúdo histórico”, enfatiza.
Formação do Acervo
O museu possui uma equipe qualificada de profissionais do ICFG que trabalhou na coleta do acervo. Ano passado, a ABCCMM enviou uma carta aos associados solicitando a todos que disponibilizem objetos, fotos, filmagens, mobiliário do século XIX, arreios, documentos sobre a raça, faixas, troféus, dentre outros artigos, para composição do museu. Com objetivo de fazer um multimídia com o material, os acervos de cunho pessoal como fotos e filmagens foram duplicados e entregues aos seus proprietários.
Na fase de garimpagem de peças para a composição do Museu quase sete mil quilômetros foram percorridos em seis viagens cobrindo quatro circuitos. Cerca de 800 fotos foram tiradas, todas com um descritivo informando sobre o ano ou século, a quem pertenceu, tipo de material, medidas, estado de conservação, dentre outros. As quatro primeiras viagens incluíram roteiros por cidades do Sul de Minas e ainda criatórios das cidades adjacentes a São João Del Rei, Passa Tempo e Entre Rios de Minas. A quinta privilegiou propriedades do interior do Rio de Janeiro e próximas a Juiz de Fora e, a última, o interior de São Paulo.
Diversos utensílios de montaria foram obtidos através de doação como peitorais, ferraduras e freios antigos, cabeçadas, ferros de marcar de propriedades que ajudaram na formação da raça, talas, arreios, além de fotos de família e de cavalos que fizeram história no Marchador. Também foram doados materiais utilizados em caçadas como buzinas para chamar cachorros, espingardas e polvorins (porta-pólvora em chifre de animal).
Para levantamento do acervo, o criador Rubens Junqueira, que trabalhou na garimpagem das peças, passou por cidades como Cruzília, Carmo da Cachoeira, Varginha, Três Pontas, Cambuquira, Conceição do Rio Verde, Caxambu, São Tomé das Letras, Baependi, Minduri, Piracema, Passa Tempo, Santo Antônio do Amparo, Oliveira, São João Del Rei, Santana do Deserto, Simão Pereira, Vassouras, Levy Gasparian, Barra do Piraí, São José do Rio Pardo, Mococa, Orlândia, São Joaquim da Barra, Colina, Batatais, Lins, dentre outras.